A greve dos professores, deflagrada na manhã desta segunda-feira (17), junto ao movimento de ocupação das escolas iniciado no dia 3 de outubro mantêm fechadas em torno de 707 escolas públicas do Paraná. O número corresponde a cerca de 32% da rede estadual de ensino, composta por 2.153 mil unidades. As informações são da Secretaria Estadual de Educação (Seed).
Das 1.583 escolas restantes, 55% funcionam normalmente e 18% de forma parcial. O governo não diz, no entanto, quantos servidores pararam. A estimativa inicial da APP Sindicato aponta que a paralisação foi encampada por 30 mil professores, metade da categoria. O movimento de ocupação nas escolas fechou até o momento cerca de 107 escolas, segundo cálculo da Seed.
O número de 900 escolas fechadas por ocupações e greves, informado inicialmente pela Gazeta do Povo, era resultado de uma compilação de dados do governo e APP-Sindicato e apresentava duplicidade.
A reportagem visitou dez escolas pela manhã e nove delas estavam funcionando. Na Escola Pietro Martinez, no Bom Retiro, todos os professores compareceram normalmente para as aulas e afirmaram que não vão aderir ao movimento. Os professores do Colégio Arthur Ribeiro de Macedo, no Seminário, também optaram por não paralisar as atividades, mesma decisão dos docentes da escola Dezenove de Dezembro, no Centro. Como a escola vai fechar em dezembro, os professores optaram por não aderir à greve. A escola Yvone Pimentel, no Capão Raso, também tem aulas normais.
No Colégio Ângelo Gusso, no Boa Vista, os professores se reuniram e decidiram não parar com as atividades. No mesmo bairro, os alunos do Colégio Ermelino de Leão têm aulas normais, uma vez que parte dos professores e os funcionários da instituição não aderiram à paralisação. Os estudantes do ensino médio, no entanto, podem vir a ser liberados mais cedo, caso não haja professores para ministrar todas as aulas.
Nas Mercês, o Colégio Estadual Bom Pastor também tem aulas normais nesta segunda-feira (17). A diretora Lídia Pachusky contou que fez uma reunião na última sexta-feira (14) na qual os professores decidiram por trabalhar normalmente. Já no Colégio Guido Straube, no mesmo bairro, os alunos têm aulas de meia hora (alguns estudantes não foram para a escola nesta manhã).
Protesto
No Colégio Ângelo Volpato, em Santa Felicidade, cerca de 50 alunos fizeram uma manifestação em apoio aos professores. Os profissionais que foram à escola estão lecionando normalmente nesta manhã.
“O governo está colocando medo nos professores dizendo que eles não vão receber o salário. É para mostrar que nós também não estamos satisfeitos”, diz a aluna Patrícia Moreira, de 17 anos. Os manifestantes também são contra a PEC do teto dos gastos proposta pelo governo Michel Temer.
Calendário
As escolas que estão sem aulas devido à greve dos professores terão que estender o calendário letivo para 2017. A informação é da Secretaria Estadual de Educação (Seed), que afirma não haver mais espaço para a reposição das aulas em 2016, uma vez que o ano letivo (ainda com reposição dos dias das greves de 2015) se encerra no dia 21 de dezembro.
Ainda segundo a Seed, é provável que esta reposição ocorra em fevereiro. O número de dias a serem repostos irá depender da duração da greve.
A secretaria também informa que os professores terão descontados do salário os dias parados. A orientação da Seed para os profissionais que não aderirem à paralisação e forem impedidos de lecionar é a de que registrem o fato junto aos diretores, núcleos regionais de educação ou ouvidoria da secretaria.
Ocupações
Neste domingo (16), o governo do Paraná decretou recesso de cinco dias para as escolas que estão ocupadas no estado – 550, de acordo com o movimento Ocupa Paraná – e que, por isso, já estavam com as atividades paralisadas.
O recesso tem início nesta segunda-feira (17) e segue até a sexta-feira (21). A reposição destes dias será realizada entre 22 e 28 de dezembro, segundo a Seed.
“Repudiamos o calendário. É uma medida autoritária do governo para intimidar a categoria e afetar os alunos, pais e mães. Ao propor este calendário, o governo desrespeita um compromisso, que foi o de que as escolas teriam autonomia em relação ao calendário. É inadmissível impor que os alunos estudem no período do natal, porque isso impacta diretamente na família. É uma tentativa de expor o sindicato à opinião pública, quando nosso movimento é por uma pauta legítima, contra a retirada de direitos”, diz o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão.