A greve dos professores da rede estadual de ensino e as ocupações mantidas pelos estudantes contra a reforma dos ensino médio paralisavam na manhã desta terça-feira (18) cerca de 30% das escolas gerenciadas pelo governo do Paraná. O compilado leva em conta dados repassados pela Secretaria de Estado da Educação (Seed). A pasta apontou, em um balanço parcial, 107 unidades sem aula por causa da paralisação dos professores e cerca de 650 instituições ocupadas por alunos - e que agora estão em recesso. Ao todo, a rede estadual de ensino possui 2.153 colégios.
Embora o alcance se mantenha semelhante ao registrado nesta segunda-feira (17), APP-Sindicato, que representa os professores, e o movimento Ocupa Paraná dizem que a adesão se expandiu. Enquanto o sindicato docente disse que a paralisação já abraça cerca 60% da categoria (enquanto ontem era 50%), o número de escolas ocupadas pelos alunos passou de 600 para 642.
Entre as pautas defendidas pelos professores está a retirada imediata da mensagem 043/16 de um projeto de lei apresentado pelo executivo estadual por meio da qual o governo propõe a alteração na data-base dos educadores. O presidente da entidade, Hermes Leão, considerou o fato como uma “quebra e compromisso” por parte do governador Beto Richa (PSDB) para com os professores. Além disso, a categoria pleiteia o pagamento imediato das progressões e promoções e a retirada da falta dos educadores relativa ao dia 29 de abril do ano passado entre outros reajustes e reposições.
Por outro lado, o governador Beto Richa voltou a criticar a APP. Durante evento com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, na manhã desta segunda, Richa considerou intransigente o posicionamento dos professores que entraram em greve. “O Paraná foi o único estado a pagar o reajuste neste ano e não foi pouco. Pagamos 10,67%. E tem sindicatos que ainda instigam suas categorias. Se fazem isso aqui, imagina o que fariam em outros estados. Matariam os governadores?”, provocou.
Diálogo
O presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), Matheus dos Santos, diz que acredita que a reunião para dialogar sobre as ocupações com o governador do Paraná, Beto Richa, deve ocorrer ainda nesta semana. O encontro está previsto para ocorrer depois que os estudantes definirem, em assembleia estadual, uma comissão para conduzir a negociação com o governo.
De acordo com Santos, o anúncio do governo sobre a reposição das aulas, entre Natal e Ano Novo, e conclusão do Ensino Médio em fevereiro de 2017 não está interferindo na mobilização estudantil. “Só ontem (segunda-feira), 110 escolas foram ocupadas. Hoje, já foram mais de 40”, assinala.
Além das escolas fechadas, estão ocupados os campus da Unioeste de Marechal Rondon, Toledo e Cascavel; da Unespar em União da Vitória, Paranaguá e Campo Mourão; da Unicentro em Santa Cruz e Irati; da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Laranjeiras do Sul; e da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em Cianorte. O Núcleo Regional de Ensino (NRE) de Laranjeiras do Sul também segue tomado por estudantes.
Vigília barra ocupação no interior do PR
No interior, pais do Colégio Estadual Marechal Rondon, em Campo Mourão, se organizaram para evitar que os filhos ficassem sem aula. Com apoio da direção da escola, fizeram reunião com 1,4 mil estudantes e definiram em ata que a unidade não poderá ser ocupada. “Fizemos uma consulta com todos para saber a vontade deles. A maioria foi contrária à ocupação. Tivemos apenas dez pessoas a favor”, relata a diretora da escola, Rita de Cássia Cartelli de Oliveira.
Os pais agora têm se revezado em vigília, divididos em três turnos, para evitar manifestações. Eles chegaram a contratar um segurança, com recursos da Associação de Pais, para o caso de invasões repentinas.
Cerca de 20% dos professores do colégio aderiram à greve, mas, conforme a direção, 90% dos estudantes seguem tendo aulas.