Em greve desde o fim de maio, servidores técnico-administrativos de quatro universidades federais anunciaram na terça-feira (16) que não vão fazer as matrículas do segundo semestre do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O objetivo é pressionar o Ministério da Educação a negociar com a categoria. A matrícula deve ser feita nos dias 19, 22 e 23.
Entre as instituições que podem ficar sem fazer as matrículas estão as duas mais procuradas: Universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ). A medida também foi anunciada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e na Federal Fluminense (UFF).
O Sisu é o sistema do Ministério da Educação por meio do qual as universidades públicas oferecem vagas para candidatos que se submeteram ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os estudantes que fizeram o Enem em 2014, inscreveram-se no Sisu do segundo semestre de 2015 e foram aprovados precisam fazer a matrícula presencial na universidade onde pretendem estudar. Essa etapa é que está ameaçada.
Mais procurada pelos estudantes (com 176.285 inscrições), a decisão dos servidores da UFMG afeta 2.717 aprovados na primeira chamada. Em nota, o sindicato informou que protesta principalmente contra o corte orçamentário que afetou sobretudo o hospital universitário - a instituição tem registrado falta de medicamentos e materiais básicos para atendimento.
Na UFRJ, a decisão do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintufrj) afeta 3.731 estudantes. Na UniRio, os servidores em greve decidiram não emitir a lista de aprovados para a primeira chamada do Sisu. Como os professores não aderiram à paralisação, eles podem tentar fazer a matrícula, mas terão de se basear em uma lista do Ministério da Educação (MEC) que, segundo os técnicos, identifica os alunos apenas com dados básicos e há risco de fraude.
Em nota, o MEC informou que, ao participarem do Sisu, as instituições têm de assegurar o direito do estudante à matrícula e disse que ainda não tem “informação” de que a greve possa afetar o processo. O ministério informou que, na paralisação de 2012, a UFRJ garantiu a matrícula dos alunos por meio de um sistema online, com comprovação documental posterior.
A paralisação dos técnicos administrativos afeta 48 instituições federais. A categoria reivindica reajuste de 27,3% no piso salarial. Também é contrária aos cortes nos orçamentos das universidades e à expansão da terceirização no serviço público.