Com faixas e cartazes, cerca de 50 manifestantes ocupam, na tarde desta quinta-feira (5), as dependências da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na Avenida Dr. Arnaldo, região central de São Paulo. O protesto marca o lançamento de um movimento social em defesa da inserção do negro no ensino superior público.

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O grupo pretende permanecer no estacionamento do local por 75 minutos, numa analogia aos 75 anos da USP, completados em janeiro deste ano. "Escolhemos a USP porque ela é um espelho concreto da exclusão, e a Faculdade de Medicina é ainda mais, porque representa o berço do elitismo paulistano", afirma Douglas Belchior, da coordenação da recém-criada União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro). O protesto teve início às 16h45.

A proposta da nova entidade, formada por dissidentes da Educafro, ONG que coordena uma rede de cursinhos pré-vestibular, é discutir políticas afirmativas, como as cotas raciais, para ampliar a inserção do negro na sociedade por meio da educação.

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"Defendemos que as universidades públicas reservem um número de vagas equivalente ao percentual da população negra na região. No caso de São Paulo, por exemplo, seriam 31% das vagas", diz Belchior. Na visão da entidade, a política de concessão de bônus aplicada pela USP no vestibular é insuficiente. "Também queremos discutir a educação num sentido mais amplo e pretendemos cobrar soluções do governo."

Segundo Belchior, a entidade propõe ainda que a USP marque uma audiência pública com movimentos populares para debater as possíveis mudanças que poderão ser adotadas no vestibular da Fuvest.

A Uneafro começa com 42 núcleos conveniados _uma parte era da Educafro. A maioria desses núcleos é de cursinhos pré-vestibular, mas há também grupos teatrais e esportivos.