A Universidade Harvard intencionalmente discriminou estudantes asiático-americanos que se candidatavam a uma vaga na faculdade, uma das mais disputadas dos EUA, afirmou nesta quinta-feira (30) o Departamento de Justiça americano.
No posicionamento formal do governo sobre o tema, o departamento se colocou ao lado de grupos de estudantes e pais em uma ação na qual a universidade é acusada de discriminar asiático-americanos em seu processo seletivo.
No processo, que corre num tribunal federal de Boston, os candidatos dizem que a universidade atribuía notas mais baixas aos asiático-americanos do que aos de outras raças em critérios como "personalidade positiva", simpatia, coragem, gentileza e ser "amplamente respeitados".
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Esses estudantes tinham um desempenho melhor em provas, classificação e atividades extracurriculares. As notas pessoais baixas, porém, diminuíram drasticamente suas probabilidades de obterem vaga na universidade, de acordo com a ação. Para chegar a essa conclusão, foram analisados 160 mil registros de estudantes.
Um julgamento sobre a ação está marcado para outubro. Se chegar à Suprema Curte, o caso poderia ser apreciado pelo juiz Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente Donald Trump para ocupar a vaga deixada por Anthony M. Kennedy ao se aposentar. Uma decisão sobre o tema pode ter implicações amplas para universidades que consideram a raça em seu processo de admissão.
O departamento lembrou que, em 2017, abriu uma investigação contra Harvard baseada em queixa apresentada por mais de 60 organizações asiático-americanas. O posicionamento publicado pelo governo diz que Harvard não conseguiu provar que não comete discriminação ilegal.
O departamento afirma ainda que, como condição para receber milhões de dólares de recursos dos contribuintes, a universidade concorda em não discriminar candidatos com base em sua raça.
"No entanto, os estudantes e pais que entraram com essa ação apresentaram fortes evidências de que o uso de raça por Harvard discrimina ilegalmente asiático-americanos", diz o governo.
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"Nenhum americano deveria ter negada admissão a uma escola por causa de sua raça", afirmou, na declaração, o secretário de Justiça, Jeff Sessions. "Como receptora de dinheiro de contribuintes, Harvard tem a responsabilidade de conduzir sua política de admissão sem discriminação racial e usando critérios de seleção relevantes que se enquadrem nas exigências legais", continuou o secretário.
Segundo ele, o caso é importante porque as políticas de admissão nas universidades e faculdades devem ser conduzidas de acordo com a lei.
A universidade também não conseguiu oferecer explicações sobre como mede a raça do candidato em relação a outros fatores na seleção, como pontuação e atividades extracurriculares. Harvard fracassou ainda em indicar como limita o uso da raça para assegurar que não ocorra discriminação ilegal.
O departamento critica o uso de fatores subjetivos no processo, como "ser uma boa pessoa" com "qualidades humanas". Na investigação, Harvard admitiu que, na média, dá pontuação menor a candidatos asiático-americanos com base nas "notas pessoais".
O governo Donald Trump acusa ainda a universidade, ao longo de 45 anos em que usou critérios raciais na admissão de estudantes, de nunca ter considerado medidas raciais neutras para melhorar a diversidade de seu corpo de estudantes, o que é exigido segundo as leis existentes.
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