A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) passou por um momento de apreensão na tarde desta quarta-feira (20) após ameaças de um ataque no campus em Belo Horizonte. O clima de tensão veio depois que um suposto candidato a uma vaga na universidade, reprovado no sistema de cotas, enviou mensagens, por e-mail, à instituição, ameaçando "metralhar todos os professores, funcionários e alunos" que fazem parte da comissão de cotas raciais da UFMG, que reprovou a matrícula de 346 pessoas.
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De acordo com o portal O Tempo, seguranças estariam no local, controlando o acesso ao terceiro andar, piso onde estão os participantes da banca que analisa recursos dos candidatos reprovados.
A ameaça acontece sete dias após dois jovens entrarem na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, e atirarem contra alunos e colaboradores da instituição. O massacre terminou com 10 mortos e outros feridos.
No final da tarde, a UFMG informou por nota que não houve qualquer alteração na rotina da universidade e que as matrículas estão ocorrendo normalmente. "A UFMG recebeu mensagens em tom ameaçador, enviadas a uma caixa de correio eletrônico institucional por um usuário anônimo, supostamente não aprovado para ingresso em alguma modalidade de reserva de vaga", diz a nota.
A universidade disse ainda que identificou o IP da conexão que foi utilizada para enviar as mensagens e acionou a Polícia Federal para as investigações.
Reprovação
No início deste ano, quatro de cada dez pessoas que se autodeclararam pretas ou pardas nas matrículas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foram rejeitadas pela comissão criada para avaliar os casos individualmente.
Dos 885 aprovados no vestibular da instituição que se inscreveram por meio das cotas raciais, 346 tiveram a matrícula negada.
Esta foi a primeira vez que a universidade utilizou um procedimento complementar à autodeclaração racial para a matrícula em cotas: a avaliação de uma banca.
O grupo, formado por cinco pessoas – alunos, professores e funcionários – avalia se o candidato teria “características fenotípicas associadas à população negra”, de acordo com o presidente da Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão da UFMG, Rodrigo Ednilson.
Os participantes da banca, que são convidados, têm conhecimento sobre questões étnico-raciais e passam por formação específica para atuar nas comissões.
“A pergunta que a comissão faz ao avaliar um candidato é se essa pessoa é lida socialmente como uma pessoa negra”, explica o presidente. “O número de rejeições tem a ver com o número alto do uso indevido de cotas. A gente acha positivo [esse trabalho] porque faz a UFMG pensar, certamente outras universidades também.”
UFRGS
Além da ameaça à UFGM, uma suposta tentativa de ataque à UFRGS está sendo investigada pela Polícia Federal do Rio Grande Sul (PF-RGS).
"A Universidade Federal Rio Grande do Sul, assim como algumas outras universidades brasileiras, recebeu informações de ameaça de atentado no Campus do Vale, semelhante ao ocorrido em Suzano, SP. Diante disso, a Universidade acionou, preventivamente, o setor de segurança da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), polícias Federal e Civil e o setor de inteligência da Brigada Militar e, ainda, reforçou sua segurança interna. A UFRGS tomou essas medidas a fim de proporcionar a manutenção de todas atividades no local com segurança e tranquilidade", diz nota da instituição.
A assessoria de imprensa da PF disse que "está dando o devido tratamento à informação", mas não informou que tipo de situação está sendo analisada.