Notas vermelhas no boletim, baixo rendimento escolar e dificuldades de acompanhar o ritmo da turma podem ser sintomas da necessidade de recorrer ao auxílio de um psicopedagogo. A figura desse profissional passou a ser obrigatória nas escolas e em clínicas infantis em tempos em que os problemas de aprendizagem têm sido cada vez mais diagnosticados.
Há 16 anos atuando como professora e psicopedagoga, Maria Anita de Castro ressalta que, quando há dificuldades de acompanhamento do desenvolvimento da turma, os pais devem consultar um profissional dessa área antes de recorrer às aulas de reforço escolar, com professores particulares. "Não é só uma nota baixa que evidencia o problema. Sinais de dificuldade de aprendizagem devem ser avaliados por psicopedagogos, que têm mais condições de fazer um diagnóstico correto e tratar o problema, seja ele qual for", diz. Maria Anita ressalta que os pais precisam estar atentos não só para as dificuldades de aprendizagem. "O contrário também é preocupante. Se a criança não acompanha a turma, acha tudo fácil, temos um problema também", diz.
Um simples questionamento de que algo não anda bem já pode ser um alerta para a necessidade de auxílio profissional. Essa é a opinião da psicopedagoga Sabrina Jany Gelhorn, do Centro Psicopedagógico Parceria. "A família tem de seguir o coração e apostar na sensibilidade. Quando achar que tem algo errado deve procurar um psicopedagogo, nem que seja para bater um papo. É melhor tirar a dúvida para não cair em exagero", esclarece.
Após o diagnóstico, o psicopedagogo irá tratar as causas das dificuldades de aprendizagem e não a dificuldade em si, como ocorre no caso das aulas particulares de reforço. O tratamento pode demandar a intervenção de outros profissionais, como psicólogos e neurologistas, além de ser necessária a integração com a escola e família.
Foi só com o auxílio de um psicopedagogo que a professora de inglês Gabriela*, 42 anos, conseguiu diagnosticar déficit de atenção e hiperatividade em seu filho Júlio*, 15. "Percebia que ele era diferente. Com o diagnóstico feito pela psicopedagoga, o Júlio foi encaminhado ao neurologista também. O desenvolvimento dele desde o início do ano, quando começamos o tratamento, foi muito bom", diz.
A professora diz acreditar que um dos fatores que influenciaram no sucesso da recuperação do seu filho partiu dela mesma. "Nunca achei que ele não tinha potencial, achava que ele tinha limitações. O rendimento escolar dele ficou sempre no limite, e isso acabou refletindo em baixa auto-estima. Por causa do medo da frustração, ele simplesmente não tentava", diz. A psicopedagoga Sabrina ressalta a importância de trabalhar a autonomia nas crianças e adolescentes com dificuldade de aprendizagem. "Ninguém conseguiu me convencer que um indivíduo é incapaz de aprender. Todos são capazes, cada um no seu ritmo e no seu limite", afirma.
*nomes trocados a pedido dos entrevistados