Matricular o filho de 5 anos no Jardim ou no 1º ano do ensino fundamental. Essa é uma preocupação que muitos pais têm enfrentado desde o início de outubro, quando saiu uma nova deliberação do Conselho Estadual de Educação do Paraná. Como em 2008 todas as escolas não usaram a idade de corte que estabelece que a criança deve completar 6 anos até início do ano letivo para cursar a 1ª série o período de matrículas para 2009 pode gerar preocupações.
Nas escolas particulares muitas matrículas foram feitas antes da deliberação. Os pais continuaram matriculando seus filhos que completariam 6 anos até o final de 2009 no ensino fundamental, assim como aconteceu durante este ano. Mas além das preocupações administrativas seja das escolas ou dos órgãos competentes a atenção ao comportamento do aluno deve ser o foco da questão.
É o caso da Escola Trilhas, que planeja uma série alternativa caso não haja cancelamento da deliberação. Segundo a coordenadora pedagógica do ensino fundamental da escola, Andrea Cordeiro, os pais efetuaram a matrícula antes da decisão do conselho tomada dia 10 de outubro e agora aguardam o desfecho da história para saber em que série seus filhos ficarão. Embora o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe PR) tenha entrado com uma ação para derrubar a deliberação, se ela permanecer algumas crianças deverão continuar no Jardim. Para que elas não repitam a mesma série, a escola pensa em criar o que eles chamam de Infantil 6, uma série intermediária entre o Jardim III e o 1º ano. "Pensamos nisso para que o aluno não veja o mesmo conteúdo do ano anterior caso não possa ir para a 1ª série. Vamos organizar os conteúdos didáticos e pedagógicos de forma que a criança evolua, aprenda mais coisas. Não tem sentido algum repetir o mesmo ano. Pensar assim é desconsiderar a seriedade da educação infantil", diz Andrea.
Na escola Cosmus, que também já efetuou várias matrículas para o 1º ano, a diretora, Patrícia Ferreira Ribas Baranhuk Conceição, enfrentou um pequeno problema ao receber uma nova aluna que vai ingressar na instituição em 2009. A menina, que tem 6 anos, cursou o Jardim III em outra escola, que ministrou conteúdo de 1º ano. O plano didático e pedagógico foi avaliado e a aluna se encaixou no 2º ano. "A vó da criança é responsável por ela, mas ela veio do Japão para cuidar da menina que nasceu aqui. Como só fala japonês, ficou um pouco perdida para entender que a garota deveria ir para o 2º ano", comenta a diretora.
Segundo ela, as crianças que completam 6 anos até março de 2010 ou seja, que têm 5 anos durante todo o ano de 2009 e que os pais gostariam que ingressassem no 1º ano, foram matriculadas. Patrícia diz que a mudança de regras deixa os pais confusos. Cada vez que entra um aluno de outra escola, é necessário fazer um contato com a escola anterior para ver os conteúdos já ministrados e fazer a adequação. As confusões ocorrem muitas vezes porque cada escola particular adota uma denominação diferente entre o que seria o Jardim III e o 1º ano.
Ação
As escolas particulares do Noroeste do Paraná entraram com uma ação na Justiça para garantir a autonomia de cada uma na hora de decidir a série que o aluno vai cursar. As instituições acreditam que são elas que podem avaliar o aluno e enquadrá-lo na série correta. De acordo com a advogada do Sinepe do Noroeste, Damares Ferreira, são 103 municípios que integram a região, mas nem todos aderiram ainda. "A idéia é que cada escola possa definir sua idade de corte, pois são elas que têm autoridade pedagógica para saber se o aluno pode ou não ingressar com 6 anos incompletos ou não".