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Na escola Cosmus, crianças que completam 6 anos até março de 2010 já podem entrar no 1.° ano em 2009 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Na escola Cosmus, crianças que completam 6 anos até março de 2010 já podem entrar no 1.° ano em 2009| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

1º ano

Acolhimento é fundamental

Acolher a criança que ingressa no 1º ano com menos de 6 anos é uma preocupação que deve estar presente em todas as escolas. Fala-se em idade de corte, mas muitos deixam de lado a discussão sobre como receber crianças com 5 anos no ensino fundamental.

A coordenadora Andrea Cordeiro diz que o debate na Escola Trilhas é esse: como integrar um aluno ainda em idade de muitas brincadeiras e atividades lúdicas em um 1º ano. "Os pais precisam se sentir seguros quando matriculam seu filho no ensino fundamental. Precisam ter a certeza de que o trabalho feito na instituição será direcionado para atender às necessidades do aluno."

A criança muitas vezes pode não ter o amadurecimento necessário para sair da pré-escola e isso é um fator a ser observado pelos pais e professores na hora da matrícula. A professora de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutoranda em educação – com tese sobre o ensino fundamental de 9 anos –, Catarina Moro, diz que no ensino de oito anos era uma prática cultural há mais de uma década matricular a criança com 6 anos no 1º ano, quando o certo seria com 7. Com a mudança, essa antecipação continuou e os pais acreditam que se não houver essa antecipação, seu filho vai se atrasar um ano. "Não tem como prever a vida educacional nessa fase da criança", diz Catarina. Para ela, a antecipação pode ocasionar uma escolha prematura da profissão.

Na hora da decisão, os pais devem considerar que na educação infantil existem outros instrumentos educacionais que também são uma forma de aprendizagem importante.

  • Avaliação de cada caso ajuda a encaixar os alunos na série correta

Matricular o filho de 5 anos no Jardim ou no 1º ano do ensino fundamental. Essa é uma preocupação que muitos pais têm enfrentado desde o início de outubro, quando saiu uma nova deliberação do Conselho Estadual de Educação do Paraná. Como em 2008 todas as escolas não usaram a idade de corte – que estabelece que a criança deve completar 6 anos até início do ano letivo para cursar a 1ª série – o período de matrículas para 2009 pode gerar preocupações.

Nas escolas particulares muitas matrículas foram feitas antes da deliberação. Os pais continuaram matriculando seus filhos que completariam 6 anos até o final de 2009 no ensino fundamental, assim como aconteceu durante este ano. Mas além das preocupações administrativas – seja das escolas ou dos órgãos competentes – a atenção ao comportamento do aluno deve ser o foco da questão.

É o caso da Escola Trilhas, que planeja uma série alternativa caso não haja cancelamento da deliberação. Segundo a coordenadora pedagógica do ensino fundamental da escola, Andrea Cordeiro, os pais efetuaram a matrícula antes da decisão do conselho – tomada dia 10 de outubro – e agora aguardam o desfecho da história para saber em que série seus filhos ficarão. Embora o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe – PR) tenha entrado com uma ação para derrubar a deliberação, se ela permanecer algumas crianças deverão continuar no Jardim. Para que elas não repitam a mesma série, a escola pensa em criar o que eles chamam de Infantil 6, uma série intermediária entre o Jardim III e o 1º ano. "Pensamos nisso para que o aluno não veja o mesmo conteúdo do ano anterior caso não possa ir para a 1ª série. Vamos organizar os conteúdos didáticos e pedagógicos de forma que a criança evolua, aprenda mais coisas. Não tem sentido algum repetir o mesmo ano. Pensar assim é desconsiderar a seriedade da educação infantil", diz Andrea.

Na escola Cosmus, que também já efetuou várias matrículas para o 1º ano, a diretora, Patrícia Ferreira Ribas Baranhuk Conceição, enfrentou um pequeno problema ao receber uma nova aluna que vai ingressar na instituição em 2009. A menina, que tem 6 anos, cursou o Jardim III em outra escola, que ministrou conteúdo de 1º ano. O plano didático e pedagógico foi avaliado e a aluna se encaixou no 2º ano. "A vó da criança é responsável por ela, mas ela veio do Japão para cuidar da menina que nasceu aqui. Como só fala japonês, ficou um pouco perdida para entender que a garota deveria ir para o 2º ano", comenta a diretora.

Segundo ela, as crianças que completam 6 anos até março de 2010 – ou seja, que têm 5 anos durante todo o ano de 2009 – e que os pais gostariam que ingressassem no 1º ano, foram matriculadas. Patrícia diz que a mudança de regras deixa os pais confusos. Cada vez que entra um aluno de outra escola, é necessário fazer um contato com a escola anterior para ver os conteúdos já ministrados e fazer a adequação. As confusões ocorrem muitas vezes porque cada escola particular adota uma denominação diferente entre o que seria o Jardim III e o 1º ano.

Ação

As escolas particulares do Noroeste do Paraná entraram com uma ação na Justiça para garantir a autonomia de cada uma na hora de decidir a série que o aluno vai cursar. As instituições acreditam que são elas que podem avaliar o aluno e enquadrá-lo na série correta. De acordo com a advogada do Sinepe do Noroeste, Damares Ferreira, são 103 municípios que integram a região, mas nem todos aderiram ainda. "A idéia é que cada escola possa definir sua idade de corte, pois são elas que têm autoridade pedagógica para saber se o aluno pode ou não ingressar com 6 anos incompletos ou não".

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