Com maior acesso a informação e possibilidades de aprendizado, a curiosidade vem adquirindo nova importância no processo educacional; nos últimos anos pesquisas a relacionam a maior criatividade e ao crescimento pessoal e profissional.
Mas na sala de aula o caminho parece o oposto: ao focar em notas e resultados mensuráveis, o modelo de ensino voltado para avaliações coloca a curiosidade em segundo plano, apesar desse aspecto ser considerado um dos fatores determinantes para o sucesso acadêmico.
“A postura de mediação do professor em sala de aula, permitindo um ambiente de pesquisa, investigação e observação ativa, dá espaço para que os alunos se envolvam com criatividade e tenham autonomia em todo o processo de aprendizagem”, diz Ana Paula Detzel, coordenadora psicopedagógica de Educação Infantil do Colégio Marista Santa Maria.
Base do desenvolvimento
Estudo realizado para a Association for Psychological Science aponta que a curiosidade é um dos pilares para o desempenho acadêmico, e deve acompanhar os fatores tradicionais para desenvolvimento da inteligência, como habilidade e esforço; essa expansão dos fatores de formação da inteligência pode ser a chave para entender melhor as diferenças individuais no desempenho acadêmico dos estudantes.
Já sua consideração como elemento fundamental para o aprendizado, pode ser um fator decisivo na formação de crianças com alto desempenho acadêmico e altas habilidades, de acordo com estudo realizado por pesquisadores da California State University.
A pesquisa foi realizada ao longo de 27 anos, acompanhando 107 crianças desde seu primeiro ano, em 1979, até a vida adulta. Aos oito anos de idade, as crianças foram avaliadas com base em teste de QI, no qual 19% delas tiveram resultado acima da média. Ao traçar o perfil, constatou-se que as diferenças estavam, principalmente, na maior capacidade de manter atenção por longos períodos de tempo, foco em resultados nas atividades e maior desenvolvimento de linguagem e capacidade motora.
Outra característica comum observada foi uma resposta engajada a estímulos – essas crianças apresentaram o hábito de pedir mais atividades extracurriculares, por exemplo. Além disso, os estudantes mostraram maior satisfação com tarefas desafiadoras e com a conquista de dificuldades nas atividades: a motivação pode ser considerada o diferencial dos alunos com desempenho acima da média. E para os estudantes se sentirem motivados, é necessário estimular a sua curiosidade.
Novos padrões
Algumas boas ferramentas para o estímulo da curiosidade no ensino são a adoção de atividades complexas, que oferecem novidade para a rotina da sala de aula e causam surpresa nos alunos, além de incentivar novos questionamentos e criação de hipóteses, diferente do padrão de perguntas e respostas fechadas.
Esse estímulo faz a diferença principalmente em aulas de ciências, pois se alinha aos passos principais do processo científico: o questionamento da natureza, a formulação de hipóteses e a experimentação.
“A curiosidade prepara o cérebro para a aprendizagem e hoje, grupos em universidades americanas e brasileiras, já estudam estratégias para promover o ambiente de colaboração: quando sentimos curiosidade, lembramos mais facilmente do que aprendemos”, diz Ana Ralston, educadora e integrante do programa “Ciência em Show”.
Para ela, é necessário contextualizar tudo o que é ensinado na escola com exemplos concretos do dia a dia. “A escola ‘curriculariza’ e ‘compartimentaliza’ a vida, sendo que as áreas são, na verdade, todas integradas”, conclui.
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