Jogos podem despertar o interesse do aluno para conteúdos ou disciplinas mais densas.| Foto: Pixabay.

Antes vistos como inimigos por pais e professores, os videogames podem exercer um papel fundamental no crescimento de jovens e crianças, tanto no dia a dia escolar quanto no seu desenvolvimento motor e social; é o que afirma estudo realizado pela Associação Americana de Psicologia (American Psychological Association).

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Segundo o órgão norte americano, até mesmo os jogos considerados ‘violentos’, com temáticas mais densas, como guerra e violência, podem potencializar as experiências escolares e sociais, fortalecendo e desenvolvendo habilidades cognitivas como raciocínio, memória e percepção – além de incentivar a aprendizagem de línguas estrangeiras e auxiliar com problemas de concentração e ansiedade. 

Outro estudo, promovido pela Universidade de Stanford, mostrou que o uso de videogames, aliado a ações pedagógicas tradicionais, pode ajudar estudantes no ensino da matemática. A pesquisa usou como ferramenta o clássico jogo de fliperama ‘Space Invaders’, além de leituras dinâmicas contendo conceitos básicos de estatística. 

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Os estudantes de 83 universidades comunitárias nos EUA foram expostos aos exercícios de probabilidades contidos no jogo, sem que esse conceito fosse explicado. Após o desafio, os alunos foram apresentados aos conceitos matemáticos a partir da leitura de textos sobre o assunto. 

Os pesquisadores constataram que os jovens com acesso aos dois dispositivos – jogos eletrônicos e textos – apresentaram melhor desempenho que aqueles que tiveram acesso a apenas um dos materiais. 

Exemplo nacional 

Um exemplo dessa interação pode ser visto em Recife. A prefeitura da capital pernambucana adotou em 2015 medidas que incentivam o uso de jogos eletrônicos nas escolas municipais a partir da implantação da Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE), promovida pelo governo e desenvolvida por uma empresa privada. 

Após dois anos da experiência, o programa contará em 2017 com 12 mil estudantes, que participarão de gincanas disputadas em tablets e computadores disponibilizados pela administração municipal, com jogos “tematizados com os conteúdos das disciplinas escolares”, focados na matriz de competências do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. 

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Geração tecnológica 

Para Glaucia da Silva Brito, professora da UFPR e autora do livro “Educação e Novas Tecnologias”, games são um artifício valioso para a educação de uma geração que já cresceu inserida no meio tecnológico. “A partir de uma aplicação pedagógica bem desenvolvida, os jogos poderão despertar o interesse do aluno para conteúdos ou disciplinas mais densas, mais difíceis de explicar da forma mais tradicional”. 

Com várias pesquisas desenvolvidas sobre o tema, Glaucia crê que o papel dos educadores é fundamental para que a experiência tenha bons resultados: “A atuação do professor é primordial. Ele precisa ter uma formação sobre essas atividades interativas, assim como a escola tem a necessidade de prover a estrutura necessária para que os jogos eletrônicos possam ser úteis”. 

Apesar da efetividade dos videogames, a professora faz um alerta. “Eles podem não surtir o efeito desejado se o professor esquecer de abordar os conteúdos de forma lúdica e interativa, adotando uma linguagem própria aos jovens”, conclui.