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Jovens estudam as relações sociais

Amanda Zanellato, 15 anos, estuda a religiosidade nos hospitais | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Amanda Zanellato, 15 anos, estuda a religiosidade nos hospitais (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)
O professor Syllas da Fonseca dá aula de Sociologia no Novo Ateneu: cidadãos mais conscientes |

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O professor Syllas da Fonseca dá aula de Sociologia no Novo Ateneu: cidadãos mais conscientes

O estudo da Sociologia deixou de ficar restrito a poucos brasileiros que ingressavam no ensino superior e optavam por um curso na área de humanas. Conceitos de clássicos pensadores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber também são discutidos por jovens estudantes do ensino médio. A possibilidade veio de uma legislação que entrou em vigor no ano passado e prevê a implantação gradativa da disciplina nos três anos do ensino médio até o ano que vem. Por enquanto, todas as escolas brasileiras são obrigadas a ofertar a matéria em pelo menos dois anos do currículo.

A inserção da ciência que estuda as relações sociais no conteúdo da escola tem agradado. A estudante do segundo ano do ensino médio do colégio Positivo Amanda Zanellato Tavares, 15 anos, considera importante saber como funcionam as relações nas sociedades. "Aprender Sociologia faz com que a gente cresça com uma consciência de vida em sociedade mais bem formada", diz.

A estudante participa de um projeto que relaciona o conceito de cultura e sociedade e estuda a religiosidade presente nos hospitais. O projeto de estudo faz parte do plano pedagógico do Colégio Positivo. Em vez de uma hora aula da disciplina por semana, conforme prevê a lei, os estudantes se reúnem uma vez por mês no contraturno por quatro horas. Além de ter acesso à teoria, os 1,2 mil alunos dos primeiro e segundo anos do ensino médio também recebem profissionais convidados para proferir palestras.

De acordo com a coordenadora do Departamento de So­­ciologia do Positivo, Vera Lúcia Molin Siqueira, cada aluno fará parte de um grupo que irá realizar pesquisa de campo que resultará num trabalho científico. São 12 eixos temáticos disponíveis para objeto de estudo. "A nossa ideia é aliar teoria com a prática. Todo este desenho do projeto tem o objetivo de fazer os alunos perceberem por que a Sociologia é importante", diz.

Antes da lei

Em algumas instituições, a Sociologia veio antes mesmo da obrigatoriedade imposta pela legislação. É o caso dos colégios Dom Bosco, Novo Ateneu e da rede estadual pública de ensino.

No Novo Ateneu, os alunos estudam Sociologia em pelo menos uma das séries do ensino médio desde 2006. No ano passado, a disciplina passou a fazer parte do currículo dos três anos que compõem o ensino médio. Para a coordenadora do Novo Ateneu, Eneide Cordeiro Moreira, o conteúdo sociológico ajuda os adolescentes a enxergar o mundo de outra maneira. "Eles aprendem a argumentar e podem se inserir cada vez mais como cidadãos participativos", diz.

O professor de Sociologia Syllas da Fonseca ressalta que a disciplina foi retirada dos currículos escolares durante o regime militar. Um movimento restrito às faculdades, na década de 90, passou a pressionar pelo retorno da disciplina. "A Sociologia ajuda a formar cidadãos mais conscientes e críticos, que vão brigar contra a má gestão pública e corrupção", diz.

No Colégio Dom Bosco, a Sociologia passou a integrar o currículo do ensino médio em 2008, quando a Universidade Federal do Paraná (UFPR) começou a cobrar este tipo de conteúdo no vestibular, segundo conta o diretor-geral do ensino médio, Artur Xavier. Na rede pública estadual de ensino, a Sociologia foi implantada em 2004 e já estava presente em pelo menos um dos três anos do ensino médio desde 2007.

De acordo com a chefe do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Mary Lane Hutner, foi criada uma equipe de Sociologia para trabalhar a formação dos professores e construir as diretrizes curriculares. Mary Lane diz que em breve será necessário abrir concurso para professor de Sociologia com formação específica. "A rotatividade é muito grande", diz.

Segundo ela, a presença da disciplina no ensino médio é fundamental para a formação de cidadãos mais críticos. "A discussão que ocorre na escola é a reflexão do mundo em que vivemos, dos temas que são pertinentes e estão no auge de nossa sociedade, tudo com sustentação teórica."

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