Uma "versão Pinóquio" do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, estampava vários banners estendidos no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), na noite desta terça-feira (17).
O ato fazia parte da campanha #MoroMente, organizada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) para professores e alunos, e que pretende "desmascarar o ministro Pinóquio" e "acabar o mais rápido possível com o governo maldito".
No evento, também foi lançado o livro "Relações Obscenas - As revelações do The Intercept/BR". Participaram ainda do encontro o comitê Lula Livre, que colheu assinaturas para um abaixo-assinado pela liberdade do ex-presidente, e a Frente Brasil Popular.
Segundo os organizadores e membros da ABJD, o objetivo do evento é influenciar a opinião pública contra o atual ministro, no "período de trevas que a sociedade vive". "Esse ex-juiz quer empurrar goela abaixo da sociedade que ele não fez nada de mais", disse a associação. "Queremos demonstrar e esclarecer a gravidade das relações de direito cometidas por ele, como as mentiras que conta para justificar sua atuação criminosa como integrante da Lava Jato".
A campanha foi lançada propositalmente no início de agosto, na Universidade de São Paulo (USP). "Isso começou nas redes sociais em 1º de agosto de 2019, dia do aniversário do ex-juiz. A gente escolheu uma data significativa para isso", disse uma das associadas da ABJD, enquanto era ovacionada.
Na verdade, ainda há muitas dúvidas sobre a repercussão das conversas vazadas pelo Intercept Brasil. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso disse que o único que se tem certeza é que a corrupção na Petrobras existiu e que as conversas foram obtidas de forma criminosa.
"Porque todo mundo sabe, no caso da Lava Jato, que as diretorias da Petrobras foram loteadas entre partidos com metas percentuais de desvios. Fato demonstrado, tem confissão, devolução de dinheiro, balanço da Petrobras, tem acordo que a Petrobras teve que fazer nos EUA”, afirmou.
"É preciso ter cuidado para que o crime não compense", ponderou ainda o ministro.
"Lula é preso político"
Convidado, Cézar Britto, ex-presidente da OAB e fundador da ABJD, disse aos participantes não tolerar o "holofote de Moro" e defende que "Lula é preso político". "As pessoas começaram a confundir autógrafo com acórdão, começaram a gostar de falar para o público, tirar selfie", critica. "Quebramos, aí, toda a regra da imparcialidade. O que o Intercept revelou é o que já sabíamos, mas não queríamos entregar. E não era só aprisionar o réu, mas o colocar fora da disputa eleitoral, impedir que ele circulasse pelo Brasil, calar a sua voz. É da essência de Moro mentir".
Para o desembargador Grijalbo Fernandes Coutinho, o evento é uma reação ao neofascismo instalado no país. "O capitalismo, sempre que enfrentou grandes crises, não hesitou em promover guerras valendo-se do fascismo e do nazismo", disse. "É o que está acontecendo, as instituições não foram fortes suficientes para evitar esses tentáculos que se espalham nos mais diversos espaços".
O ministro da Justiça também foi classificado, pelos participantes do evento, como de "extrema-direita" e acusado de "destruir vidas e empregos". "Moro sangra e continuará sangrando a cada nova revelação. É preciso levar ao conhecimento da sociedade todos os crimes praticados", disse José Salomão, representante de jornalistas apoiadores da ação.
"Nariz de Pinóquio é o que ele merece, é o nariz que lhe cabe bem. Ele é uma farsa, é um criminoso, e tem que pagar por tudo o que está fazendo de ruim para esse país", disse a ex-senadora Vanessa Grazziotin, do Partido Comunista (PCdoB).
Livro inspirado em Lula
O livro "Relações Obscenas", organizado pelo coletivo Menin, de advogados que se autodenominam como "marxistas", foi inspirado no ex-presidente Lula. "A obra nasceu sob a inspiração da atitude ética de um homem que é capaz de manter sua altivez, seja como presidente da república, seja como réu, privado de suas garantias processuais básicas, seja como preso político, vítima de uma jurisdição anômala, inquisitorial, parcial, desonesta", disse o advogado Mauro Menezes, que faz parte do coletivo. "O grupo sempre esteve ao lado da resistência democrática e da transformação social"
Cerca de 60 artigos são apresentados no livro. Fazem parte o professor Wilson Ramos Filho, a jornalista Maria Nassif, Mirian Gonçalves e Hugo Cavalcanti Filho.
Segundo Menezes, os autores procuraram "dissecar a operação Lava Jato a partir das revelações feitas pelo The Intercept, marcadas por ilicitudes, abusos e violações". "Queremos arrancar a máscara da falsa glorificação desses falso herói, ele desonrou sua toga".
UnB
Procurada, a Universidade de Brasília disse que abre espaço para "o livre debate de ideias":
A Universidade pauta sua atuação nos princípios da liberdade de pensamento e expressão e no respeito à pluralidade e à diversidade. A comunidade universitária é formada por mais de 50 mil pessoas, entre professores, estudantes, técnicos e trabalhadores terceirizados e, certamente, com os mais diferentes matizes políticos, religiosos e culturais. Aqui é o espaço, portanto, para o livre debate de ideias. Orientamos a qualquer pessoa que eventualmente tenha se sentido agredida a registrar a ocorrência.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião