Para Mouzinho, parceria é bem-vinda em Moçambique| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Intercâmbio

Internacionalização do ensino depende de mais parcerias de instituições

O professor Mouzinho Mário, da Universidade Politécnica de Moçambique, um dos convidados do congresso, explica que os cursos à distância no país são fundamentais para atender à população sem acesso ao ensino superior presencial. Segundo ele, mais de 150 mil estudantes candidatam-se ao ensino superior todo ano no Moçambique, mas apenas cerca de 20 mil têm acesso aos cursos. "Significa que 130 mil ficam de fora, e poderiam ser cobertos pelos cursos à distância. Mas nossa capacidade de oferecer esses cursos é limitada neste momento. Tirando duas ou três universidades que têm polos em algumas províncias do ­país, a grande maioria concentra-se nas grandes cidades", explica.

Os primeiros cursos à distância oferecidos pela Universidade Politécnica – que hoje tem cinco cursos dessa modalidade – surgiram de parcerias com universidades brasileiras. "Há muitos alunos que procuram cursos do Brasil. Primeiro porque é um país falante da língua portuguesa, facilita muito o intercâmbio. Mas nós queríamos que houvesse muito mais parceria entre as nossas instituições de ensino à distância e as universidades brasileiras."

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O Massive Open Online Cour­se (MOOC), curso on-line gra­tuito para um número ili­mitado de pessoas, ainda pre­cisa de investimento e re­for­mas legislativas para se esta­bele­cer no Brasil. Essa mo­dali­dade de ensino é uma das tendências debatidas no 20.° Congresso Internacional Abed de Educação a Distância, rea­lizado no início do mês em Curi­tiba pela Associação Brasi­lei­ra de Educação à Distância (Abed).

Os MOOCs já são consolidados na Europa, por exemplo, onde os certificados podem valer créditos, no modelo ECTS (European Credit Transfer System), consolidado com o Tratado de Bologna – acordo de cooperação pedagógica assinado por países europeus em 1999. "Significa que os estudantes podem utilizar esses créditos para eliminar disciplinas em cursos formais, de graduação ou mestrado, por exemplo, ou ainda levá-los para cursos de instituições e países que fazem parte do Tratado", explica Andreia Inamorato, pesquisadora e consultora em educação aberta da DigiLearn.

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Segundo ela, a legislação da educação à distância no Bra­sil ainda não permite cursos de graduação totalmen­te on-line, sem o elemento presen­cial, que geralmente consiste na presença dos estudantes em polos das universidades algumas vezes por semana. Assim, para que o brasileiro possa aproveitar seu certificado de forma semelhante ao modelo europeu, seria necessário fazer reformas na legislação. "No momento, nesse formato 100% on-line, o que é permitido são os cursos de extensão, e esse pode ser um dos caminhos iniciais para os MOOCs no Brasil", diz Andreia.

Na avaliação dela, as discussões sobre esse tipo de curso estão se popularizando no meio acadêmico. "Com o tempo, as universidades terão suas próprias estratégias de oferta de MOOCs, o que poderá contribuir para que o país produza os seus próprios e não dependa de traduções de MOOCs estrangeiros", diz.

A UFPR é uma das instituições que planejam dar mais espaço para essa modalidade de ensino, segundo a coordenadora de Integração de Políticas de Educação à Distância da universidade, Marineli Meier. "Há pesquisas sendo desenvolvidas nessas temáticas e pretende-se, até 2015, iniciar a oferta de MOOC direcionado à comunidade acadêmica e externa", conta. Em 2014, a previsão é de que a UFPR chegue a 14 mil alunos nos mais de 30 cursos de educação à distância -- entre cursos de graduação, especialização e extensão.

UFPR abordará ensino aberto e à distância

Outra tendência debatida no congresso da Abed são os Re­cursos Educacionais Aber­tos (REA), materiais disponibilizados gratuitamente – seja na internet, de modo impresso ou por mídias como CD, com licença de uso. Essa licença permite reusar, revisar, remixar e redistribuir o conteúdo. Hoje, as universidades investem nessa estratégia para ampliar o acesso a materiais usados pelos professores.

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O lançamento do Programa Paranaense de Práticas e Recur­sos Educacionais Abertos no Re­positório Digital da UFPR e da Universidade Tecnológica Fe­deral do Paraná (UTFPR) acon­tecerá no 1.º Seminário de Edu­cação Aberta, dias 24 e 25 de novembro. Uma das estratégias do projeto é criar um repositório para que os professores disponibilizem materiais educativos que usam em aula e pesquisa. O conteúdo, em formato di­gi­tal e com licença aberta, es­ta­rá disponível para qualquer pessoa. Outra proposta é dis­seminar as práticas educa­cionais abertas.

"Isso envolve que os professores, alunos e técnicos administrativos incorporem as práticas educacionais abertas, como a utilização de REAS e MOOCs na prática pedagógica", diz Marineli Meier, coordenadora do REA na UFPR.

A programação do evento estará disponível em breve no site www.cipead.ufpr.br.