A composição social existente hoje nas escolas públicas brasileiras, principalmente no ensino médio, tem chance de ser alterada devido à implantação da Lei de Cotas. Embora seja cedo para traçar um novo cenário, especialistas acreditam que a exigência imposta pela lei deve influenciar na melhoria da qualidade do ensino na rede pública. "Acredito que em dois ou três anos veremos um aumento no número de matrículas das elites ricas nas escolas públicas", afirma o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Pela Lei de Cotas, regulamentada em outubro, 50% das vagas em universidades e institutos federais serão destinadas a alunos que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas. A lei válida já nos vestibulares deste ano também considera critérios como renda familiar e raça e será executada gradualmente.
Professora de Políticas Públicas em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Dalila Oliveira acredita que ainda é cedo para apontar os impactos que as cotas terão na configuração da escola pública. Segundo ela, são necessários pelo menos três anos para verificar a confirmação da tendência de mais matrículas por parte da população mais rica. Caso isso ocorra, ela avalia que a qualidade do ensino nas unidades públicas pode dar um salto de qualidade. As informações são da Agência Brasil.
Inclusão
Já o doutor em Educação Rubens Barbosa, professor da Universidade de São Paulo (USP), acredita que as famílias não abrirão mão do ensino privado caso tenham condição financeira suficiente. "Eu acho que o efeito mais significativo das cotas na escola pública será o estímulo a estudantes negros", avalia. Para ele, as cotas garantem uma "inclusão inédita, com resgate de déficits culturais e históricos" no país.
