Atividades incluíram dramatização de cenas históricas.| Foto: /Divulgação

No Distrito de Socavão, localizado no município de Castro, a natureza é exuberante. A 45 km da cidade, há belos locais com grutas, cachoeiras e campos de pasto. Em meio às colinas, sinais de rádio, TV e celular chegam com dificuldade aos lares, devido à distância do centro urbano. “O jornal é uma mídia pouco comum para nós, e chega à escola com o caminhão da merenda”, conta Cintia do Rocio, que leciona na Escola Municipal José Nery Carneiro de Napoli. Cintia foi uma das três professoras vencedoras do Concurso Cultural Ler e Pensar 2015 pelos resultados de seu trabalho com o uso do jornal em sala. “Nossas crianças visualizam na escola a busca do novo. Mesmo com a falta de certos recursos materiais, procuramos sempre atender as necessidades do conhecimento, pois cabe a nós permitir o acesso aos saberes”, relata. As escolas do município participam do projeto por meio do apadrinhamento da CCR Rodonorte.

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Com sua turma de 4º ano, Cintia desenvolveu atividades para reconhecer que a leitura está presente em todos os momentos da vida. Uma das primeiras iniciativas foi entender a construção de indicadores oficiais, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e o Índice de Desenvolvimento da Educação em Castro (IDEC). Os alunos elaboraram uma pesquisa e entrevistaram funcionários e professores. Na sequência, seguiram Geografia, História, Matemática ou Língua Portuguesa: o jornal auxiliou a desenvolver o senso crítico e a interpretação dos temas da atualidade.

Escola é comunidade

Reunir família e comunidade foi o fundamento do projeto. É de hábito levar o jornal para casa e assim, na hora da tarefa, democratizar a informação. Além disso, outra atividade trouxe pais e responsáveis à sala. Ao vivenciar este tempo de leitura conjunta, um dos participantes decidiu compartilhar sua história e relatou como abandonou os estudos devido ao preconceito racial – o que só motivou o trabalho, pois sua realidade serviu de exemplo aos alunos.

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A turma ainda usou a criatividade para confeccionar o jornal próprio da sala, a Gazeta das Crianças: reciclagem, alimentação saudável e atualidades foram alguns dos temas retratados. Os exemplares foram distribuídos no ônibus, no comércio e nas ruas. As dificuldades que a distância trazia à comunidade foram, por vezes, superadas – graças ao envolvimento de todos. Melhoria na escrita, autoestima e responsabilidade dos alunos foram alguns dos resultados. “Reconhecemos a importância do jornal; os pais puderam ver que nosso trabalho não ficava apenas entre quatro paredes. Foi além, trazendo a família como parte integrante da escola; ambas devem caminhar juntas, pois isolados não ajudamos na formação de nossos pequenos”, conclui Cintia.