Estimado em mais de R$ 100 bilhões, o mercado privado de educação básica vem sendo alvo de uma série de ações de fusões e aquisições. Afinal, ainda é bastante pulverizado – são mais de 40 mil escolas, que atendem a quase 15 milhões de alunos. Um dos maiores players desse movimento de formação de grandes conglomerados do ensino é o empresário Jorge Paulo Lemann. Dono de um patrimônio estimado em US$ 24,6 bilhões, ele é o principal acionista individual do Gera Venture, responsável pelos investimentos do Grupo Eleva Educação.
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O Eleva surgiu em 2013, resultado da fusão de duas escolas tradicionais do Rio de Janeiro, o Pensi e o Elite. Além de criar o Colégio Eleva, voltado para o público de alta renda que recebe educação bilíngue em período integral, o grupo começou a adquirir outras instituições de ensino, incluindo o Coleguium, de Belo Horizonte, e o Alfa, do Paraná.
Atualmente, atende a 70 mil alunos e tem mais de 5 mil colaboradores em dez grandes redes de escolas, distribuídas em oito estados – Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Brasília e Rio Grande do Norte. O grupo também criou sua própria plataforma de ensino, que atende a um total de 150 mil estudantes. Esses números fazem do Eleva a maior holding de educação básica do país, resultado de um crescimento espantoso para apenas seis anos de existência.
Uso obrigatório da plataforma de ensino
“Estamos trazendo para o grupo marcas que agregam pedagogicamente para a nossa proposta”, explica Leonardo Ballarin, gerente de expansões do Grupo Eleva. “São marcas que trazem algum tipo de inovação para o grupo. O Master, uma aquisição recente no Mato Grosso, tem um programa muito bacana para receber alunos do interior. Aprendemos com essas escolas e levamos para as outras marcas”.
Essas escolas preservam seus nomes e suas estruturas. “Se estamos conversando com determinado colégio, é porque confiamos no trabalho que aquele colégio faz. Seria muito irresponsável da nossa parte fazer um choque de gestão muito grande, mudar muita coisa. O importante é agregar valor, mantendo o que o colégio já faz”.
Existe uma exceção: uma mudança que as escolas adquiridas realizam, necessariamente, é passar a utilizar a plataforma de ensino do grupo – que, recentemente, criou polêmica ao definir, em um material didático voltado ao 7º ano do ensino fundamental, o impeachment de Dilma Rousseff como golpe. A empresa se retratou e mudou a afirmação.
Leandro Ballarin informa que as ações de aquisição deverão continuar. “Esse é um mercado bastante pulverizado e que certamente apresenta boas oportunidades. O mercado está passando por um momento de consolidação. Queremos continuar crescendo”.
Empresário influente
Além de proprietário das empresas AB InBev, Lojas Americanas e Burger King, Lemann é bastante atuante no apoio ao Grupo Eleva. Foi ele quem negociou pessoalmente a mudança da sede do museu mantido pela fundação Daros para que o edifício abrigasse o Colégio Eleva, cuja proposta educacional vem chamando a atenção das famílias de alunos de escolas tradicionais do Rio de Janeiro.
Essa atuação junto ao fundo que financia o grupo é apenas uma das ações de Jorge Paulo Lemann no campo da educação e da formação de lideranças. Ele é, por exemplo, um dos principais doadores da escola de negócios Insper. Além disso, desde os anos 1990 sua Fundação Estudar fornece bolsas para alunos – recentemente, alguns ex-bolsistas seguiram carreira política e cinco deles foram eleitos em 2018, os deputados estaduais Daniel José (Novo-SP) e Renan Ferreirinha (PSB-RJ) e os deputados federais Felipe Rigoni (PSB-ES), Tábata Amaral (PDT-SP) e Tiago Mitraud (Novo-MG).
A aposta em figuras da política, em paralelo com o investimento em educação básica, parece alinhada com uma antiga declaração de Lemann, que já disse que sonha em formar um presidente da República a partir de suas iniciativas educacionais.
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