Projeto
Ler e Pensar defende a liberdade de imprensa
Muitas são as escolas cadastradas no projeto que desenvolvem ações incentivadoras à liberdade de expressão. Ao utilizar o jornal como recurso pedagógico, o professor promove reflexão crítica e potencializa autonomia e formação para o exercício pleno da expressão e cidadania.
Na Unidade de Educação Integral Abranches, em Curitiba, a professora Adriana Margarete, que utiliza há três anos a Gazeta do Povo em sala, abraçou o assunto quando percebeu que os alunos mostravam cada vez mais motivação. A professora propôs a criação de um fanzine que abordasse respeito, ética e vida em sociedade. Isso exigiu muita pesquisa e rodas de conversas. "Temos que pensar muito bem antes de executarmos nossos atos para não ferirmos a liberdade do próximo. Então, percebemos que liberdade está diretamente ligada à noção de respeito. E respeito, por sua vez, requer entendimento de uma série de direitos e deveres.", afirma a professora.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Análise, 91% dos brasileiros pensam que a imprensa pode combater a corrupção ao divulgar escândalos envolvendo políticos e autoridades, e 97% acham que é seu dever investigar e divulgar esses problemas. Quando a pergunta refere-se aos principais canais de denúncias de corrupção, os jornalistas e meios de comunicação aparecem em primeiro lugar, com 50% das respostas.
Poderíamos cair na tentação de dizer que cada dia mais a população brasileira reconhece a importância da imprensa na consolidação da democracia. Mas isso só vai ser realidade, de fato, quando o tema começar a ser discutido nas salas de aula do país, de Norte a Sul. Quando crianças e adolescentes estiverem "alfabetizados" em relação à mídia e sua linguagem, entenderem a diferença entre informação e opinião, fato e notícia, compreenderem a ética e o poder da palavra.
O direito à Liberdade de Imprensa e à informação de qualidade, com a qual podemos atuar no mundo e sobre ele, é um tema que interessa a todos. Não há democracia sem uma imprensa livre, sem que se respeite o direito à informação. Por isso a importância de se debater o tema em vários ambientes educativos, torná-lo uma bandeira de toda a sociedade. Especialmente quando temos hoje tantos canais de expressão possibilitados pelas tecnologias. Isso demanda uma discussão sobre o que significa ter o poder da palavra, a responsabilidade de expormos nossas opiniões e informações no mundo virtual. Uma discussão sobre liberdade de expressão que deve ser paralela a uma discussão sobre ética. E isso começa desde cedo, ensinando e aprendendo o respeito à diversidade, ao debate, ao outro.
Por isso o Programa Jornal e Educação da Associação Nacional de Jornais, em parceria com a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-IFRA), está realizando um concurso de jornais escolares com o tema Liberdade de Imprensa. A ideia é estimular o debate sobre o assunto, inicialmente nas escolas ligadas aos diversos projetos de jornal e educação desenvolvidos pelos jornais associados e, em breve, aberto a todas as escolas brasileiras, porque acredita na parceria e no potencial pedagógico, crítico e criativo do jornal e a educação.
Os jornais, dentro da perspectiva freiriana, teriam importância fundamental por divulgarem os temas e acontecimentos da sociedade, sendo assim um recurso para educadores e educandos (re)elaborarem sua visão crítica de mundo. Para Freire "a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de escrevê-lo ou de reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente". (FREIRE, 1987, p.32)
Cristiane Parente de Sá Barreto é coordenação executiva do Programa Jornal e Educação da ANJ.
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