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Liberdade de pensamento

O interesse pela leitura é um dos elementos que ajudam os estudantes Vítor Favoretto e Johann Filipini a serem jovens com senso crítico | Priscila Forone/Gazeta do Povo
O interesse pela leitura é um dos elementos que ajudam os estudantes Vítor Favoretto e Johann Filipini a serem jovens com senso crítico (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

Pensar, agir e resolver. Essas são as habilidades que as escolas buscam desenvolver nas crianças nos dias de hoje, para que haja a formação do senso crítico nas crianças. Elas têm acesso a muito mais informações do que tiveram seus pais e avós e isso traz expectativas que antes não existiam. Dessa maneira, ater-se em decorar fórmulas, nomes e datas não é mais o suficiente e não permite o desenvolvimento da liberdade de pensamento, que tem sido cada vez mais exigida na vida em sociedade.

Para atender a essas expectativas, as instituições têm procurado ir além do conteúdo formal, incentivando a procura por bons filmes e peças de teatro, leitura de jornais e revistas, visitas a museus e a exposições de arte, além de organizar debates em várias áreas de conhecimento e promover ações de conscientização e de solidariedade. Para o filósofo Celso Klammer, especialista em Educação e professor da Universidade Positivo, essas ações despertam e incrementam o raciocínio crítico.

Klammer afirma que os resultados são atingidos com mais facilidade quando, em primeiro lugar, se demanda esforço e disciplina dos alunos em sala. "Sem estudo e leitura não há apropriação de conteúdo e aí não será possível pensar no desenvolvimento do senso crítico", diz. "Mas o que ler, o que assistir?

Aí entra a discussão que pode ser estabelecida em encontros entre professores e pais." Na Escola Atuação, os alunos realizam diversas atividades de contraturno que influenciam no aprimoramento da crítica, como aulas de filosofia, teatro, música, visitas ao museu e ao cinema, hora do conto e ginástica artística. É durante o Momento da Direção, no qual as crianças têm meia hora para dialogar sobre tudo o que quiserem com a diretora, que elas colocam muito do que aprenderam em prática. "Conversamos sobre a vida, escola, situação do país, certo e errado, inclusive melhorias para a escola. É um dos momentos em que elas percebem que têm alguém que as escuta para qualquer tipo de assunto. Isso as torna seres humanos que não vão só criticar, mas encontrar soluções para os desafios de sua própria vida", afirma a psicopedagoga e diretora da escola, Esther Cristina Pereira.

A educadora acredita que a percepção do social é gerada no convívio cotidiano, dentro da sala de aula e nos pátios da escola. "Desde uma pequena negociação de brinquedo até a formação de grupos de trabalho, consolida a capacidade de interagir sem conflitos", afirma. "Ter opinião formada e lutar por ela são atitudes fundamentais para aprimorar nossa capacidade de viver bem em sociedade."

O Colégio Marista Paranaense aposta no incentivo à pesquisa, motivando os alunos a discutirem em grupos e a procurarem a resolução de problemas, finalizando sempre com a realização de uma ação concreta. Assim foi trabalhada a questão dos idosos com alunos de 1.ª a 4.ª séries do ensino fundamental no ano passado. "Fizemos um trabalho com os avós das crianças e idosos de instituições de apoio. Eles se uniram para atender a várias necessidades, como campanha para arrecadar alimentos, e o nosso coral de crianças foi cantar para eles como forma de entretenimento", conta o diretor educacional, professor Mário José Pychocz.

Na semana passada, a última proposta de pesquisa da escola, antes que entrasse em férias, terminou com a arrecadação de leite e fraldas para serem doados a entidades carentes. "Muitos alunos nossos não têm contato com outras realidades. O nosso desafio é sair do senso comum e levar para a crítica. O resultado é sempre muito positivo. Dessa forma eles percebem a vida privilegiada que têm, mas que não podem esquecer dos outros."

Consciência

O pensamento crítico é algo que pode ser explorado e estimulado em qualquer disciplina, como nas aulas de Matemática, por exemplo. Para alunos do ensino médio do Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, em Paranaguá, contas de luz ajudam a compreender lições de função de primeiro e segundo graus. Para isso, a professora Andréia Maria Frumento propõe a análise de como a companhia de energia do estado chega aos valores cobrados nas contas que os alunos levam de casa para a sala.

"Além de aprenderem a ciência dos cálculos, eles passam a ter uma noção de quanto cada tipo de aparelho gasta e interfere no valor final da conta. As meninas ficam pasmas quando descobrem o quanto gastam para alisar os cabelos com chapinha. Os alunos ficam mais críticos e, nesse caso, percebem que a consciência vai fazer com que gastem mais ou menos energia", diz. A educadora acredita que o foco da disciplina mudou, e tem um objetivo bem definido na formação dos cidadãos. "Se não for para ajudar a resolver problemas do cotidiano, o conhecimento não serve para nada."

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