Uma escola de Fortaleza voltou atrás e decidiu renovar a matrícula de um aluno que se identifica como menina.
A resposta veio após ampla repercussão nas redes sociais sobre o caso, motivada por uma nota de repúdio postada pela mãe do aluno de 13 anos. A postagem já teve milhares de visualizações e centenas de compartilhamentos.
A mãe da criança afirma que a escola agiu com preconceito e rejeitou a renovação da matrícula. Em um post nas redes sociais publicado na terça-feira, 21, Mara Beatriz diz que foi chamada para uma reunião com a direção do colégio, quando lhe "recomendaram" procurar outra escola, que possa atender "as necessidades" do garoto.
A mãe conta que o filho estuda no estabelecimento, que é mantido pelo Sistema Fecomércio do Ceará, desde os dois anos de idade. Segundo ela, a relação família-escola sempre foi cordial e amistosa, mas começou a desandar neste ano, quando, com o apoio da família, o jovem começou o processo de transformação da identidade.
Desde então, diz a mãe, a escola passou a colocar dificuldades. Primeiro, não utilizando o nome social do garoto. Depois, negando o uso do banheiro feminino a ele.
"Desrespeitava o nome social, colocando o nome civil em todos os registros, tais como frequência, avaliações, boletins, a submetendo ao constrangimento. O banheiro feminino também lhe foi negado, com a recomendação que usasse o banheiro da coordenação", relatou a mãe.
“No cúmulo da transfobia, me chamaram para uma reunião e recomendaram que nossa família procure outra escola, que possa atender 'as necessidades' dela. Admitiram que ela é uma ótima aluna, com boas notas e comportamento, mas não vão fazer a matrícula dela para o ano de 2018", disse Mara.
A família da garota registrou Boletim de Ocorrência (B.O.) na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) e constituiu assistência jurídica junto ao Centro de Referência LGBT de Fortaleza.
'Providências'
O Sistema Fecomércio e a Escola Educar Sesc emitiram uma nota, na qual informam que o garoto terá sua matrícula renovada e repudiam "qualquer atitude de preconceito". De acordo com o informe, a escola está averiguando os fatos e tomando as devidas providências. "A premissa básica do Sistema Fecomércio-CE é inclusão e educação. Analisamos o caso e a aluna tem matrícula assegurada em 2018, como todos os veteranos", consta no comunicado.
A família está refletindo se mantém ou não o garoto na mesma escola. Segundo a mãe, alguns fatores precisam ser pesados para a tomada de decisão. "Tem todo um laço afetivo estabelecido, uma vez que ela estuda lá desde os dois anos. Por outro lado, houve essa quebra na relação provocada por uma atitude tão preconceituosa. Mas estamos avaliando", disse Mara.