Pelo menos 63 diretores de escolas estaduais já foram comunicados sobre mudanças pretendidas pela Secretaria de Educação (Seed), que vão do cancelamento gradual de algumas turmas a fechamento total do imóvel. O levantamento é do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato). A Seed confirmou que 71 escolas sofrerão mudanças, mas ainda não divulgou os nomes dos colégios, o que deve ser feito “nos próximos dias”, segundo a assessoria de imprensa da pasta. Em todo o Paraná, funcionam hoje cerca de 2,1 mil escolas.
Os detalhes sobre quais mudanças exatamente serão feitas também não foram divulgados pela Seed, que alega que o remanejamento, possível devido à redução de matrículas, trará economia aos cofres do estado. Cerca de R$ 13 milhões, segundo a pasta, são gastos anualmente com aluguel de imóveis para abrigar escolas em todo o Paraná.
Na lista da APP-Sindicato, estão duas escolas de Curitiba, a Dom Orione (foto), no bairro Santa Quitéria, e a José Busnardo, na Vila Fanny, onde funciona o sistema EJA (Educação de Jovens e Adultos). Nesta sexta-feira (23), em entrevista à Gazeta do Povo, a diretora da escola em Santa Quitéria, Maria Ivonete Vendrametto, disse que foi surpreendida com a decisão da Seed, na última segunda-feira (19). “Fui só comunicada. É um desrespeito. Ninguém nem me explicou o motivo do fechamento, qual critério foi utilizado. Eu recebo essa bomba e ninguém me dá satisfação nenhuma”, afirmou ela.
No caso do Dom Orione, a diretora conta que o comunicado da Seed prevê o fechamento das turmas do sexto ano já a partir de 2016. Gradualmente, até 2018, as outras turmas até o nono ano também serão fechadas, encerrando as atividades naquele prédio, que funcionaria em regime de comodato, de acordo com a diretora. “Esta escola funciona há 48 anos, já ganhamos prêmios, há fila de espera para matrículas”, garantiu ela. Hoje estudam cerca de 700 alunos na escola. Questionada sobre este caso específico, a assessoria de imprensa da Seed informou apenas que a pasta está aberta a reavaliações.
Os membros do Conselho Estadual de Educação (CEE), responsável por orientar a política educacional do Estado, vão se reunir entre os dias 16 e 20 de novembro para discutir o assunto. Em entrevista à reportagem nesta sexta-feira, o professor Oscar Alves, presidente do CEE, disse que foi informado pela Seed sobre um “estudo preliminar, ainda não concluído”. “A gente sabe que há salas ociosas. Respeitando a questão do georreferenciamento (distância entre a casa do aluno e a escola), o remanejamento de professores, de espaços, não vejo problema. Perder a gratificação como diretor de escola não é argumento para não fechar a escola”, afirmou Alves.
Para a APP-Sindicato, o problema está no “método” do governo estadual. “Fechamento de escola mexe com a vida de uma comunidade inteira. É um assunto que precisa ser discutido. E os diretores apenas foram comunicados sobre a decisão”, afirmou a diretora Educacional da entidade, Walkíria Olegário Mazeto.