Já virou até bordão. Quando alguma coisa sai errada: "a culpa é do estagiário". Baixa remuneração, mão-de-obra barata e em alguns casos até a submissão de tarefas como o de servir café ou de office-boy são serviços que, infelizmente, fazem parte da realidade de alguns estudantes que buscam no estágio, a conciliação da teoria, dada dentro das salas de aula, com prática, vivenciada no mercado de trabalho.
O dicionário define estágio como um aprendizado de especialização que alguém faz numa repartição ou em qualquer organização, pública ou particular. Mas em alguns casos, empresas que vêem o estagiário como mão-de-obra barata deturpa essa definição e prejudica o estudante.
HistóriasFlávia Campos* (está sendo usado um nome fictício para preservar a identidade da fonte), 20 anos, aluna do curso de Administração em Marketing na Facinter, em Curitiba, passou por maus bocados durante um estágio numa empresa de assessoria de imprensa. Flávia conta que foi chamada para atuar na área administrativa, mas poucos dias depois do ingresso na empresa, suas funções mudaram.
"A minha chefe me pedia para fazer cafezinho. Queria que eu servisse quentinho, na mesa dela, assim que ela chegasse. Me recusei a fazer tal humilhação e acabei trabalhando como recepcionista, desempenhando tarefas que não tinha nada a ver com o estágio", diz a indignada estudante. Flávia aturou essa situação durante duas semanas e resolveu se demitir. Atualmente a estudante faz estágio numa empresa prestadora de serviços, e lá encontrou o reconhecimento que buscava. "Aqui sou tratada com respeito. Desempenho as minhas tarefas e com isso estou aprendendo muito", afirmou a animada aluna.
Diferentemente da empresa que concedeu o estágio para Flávia, há coorporações sérias que dão oportunidade aos estudantes com o aprendizado esperado na fase de estágio. Elisa Jacobs, aluna do segundo período de Administração das Faculdades Integradas Curitiba (FIC), estagia num grande banco há nove meses e, apesar do trabalho puxado, com muitas atividades, a estudante avalia como extremamente proveitoso o estágio. "Para mim, fora a experiência que estou adquirindo, esse período aqui no banco está sendo fundamental para me nortear sobre que área devo seguir. Hoje eu trabalho na área operacional e já percebi que isso não me atrai, prefiro a parte comercial", afirma Elisa.
Importância do EstágioPara a supervisora de estágio das Faculdades Curitiba (FIC), Magali de Macedo Kolczycki, diferente do que as pessoas pensam, o estágio não é somente uma oportunidade de aplicação de conhecimentos teóricos em um ambiente prático. "É mais do que isso. O estágio é uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos e os instrumentos discutidos na graduação. O desafio para o acadêmico é completar o círculo de aprendizagem, relacionando e articulando conceitos abstratos à observação da realidade, captando algo do mundo concreto do trabalho", define.
NúmerosAinda segundo a supervisora de estágio hoje são, em média, 489 alunos que realizam o estágio por mês nas Faculdades Curitiba.
Segundo a coordenadora de estágio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Neusa Moro, "hoje são aproximadamente 3680 alunos da UFPR que estão fazendo estágio em diferentes áreas. Esse número muda a cada dia com a entrada e saída de alunos", relata.
"Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) são 400 alunos que fazem estágios na própria instituição e, em torno, de 5102 que fazem estágio curricular não obrigatório". As informações são do Setor de Assistência ao Estudante (SAE). Segundo Nezilda V. Holtman, do SAE, o diferencial é que a PUC-PR não recomenda estágio no lº período, pois entende que o aluno precisa de um mínimo embasamento teórico para então ir para a prática.
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