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Vencedor terá a chance de debater com o deputado federal eleito Kim Kataguiri, um dos expoentes do movimento | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Vencedor terá a chance de debater com o deputado federal eleito Kim Kataguiri, um dos expoentes do movimento| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Formar um exército de estudantes com pensamento liberal-conservador e disputar eleições de centros acadêmicos para “quebrar a hegemonia da esquerda” em escolas e universidades. Essa é a ideia do MBL Estudantil, braço que o Movimento Brasil Livre lança nesta sexta-feira (23) para disputar espaço em entidades que representam estudantes.

A proposta, segundo o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), é “construir um movimento estudantil, mas que não seja apenas de militância, um movimento também de formação”.

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Será uma espécie de plataforma para formar jovens liberais na economia e conservadores em pautas de costumes, divulgando as ideias dos principais pensadores da área, com textos e videoaulas. Holiday defende o Escola sem Partido, programa que pretende combater o que chamam de doutrinação de esquerda em escolas e universidades. A ideia vai ao encontro do que promete o novo projeto do grupo liberal. 

“O principal foco do MBL estudantil é formar um enorme exército de estudantes com pensamento liberal-conservador para que possam disseminar esse conteúdo em sala e fazer oposição a qualquer discurso doutrinário de esquerda no ambiente estudantil”, explica Pedro D’eyrot, um dos coordenadores do movimento que ganhou corpo nos protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Além disso, segundo D’eyrot, o que o MBL Estudantil quer é “dominar o maior número de entidades possíveis com o pensamento de direita”. “Tomar DCEs [diretórios centrais de estudantes] e DAs [diretórios acadêmicos] pode ser um dos caminhos.”

Até agora, segundo o grupo, mais de 11 mil alunos de 8 mil instituições se cadastraram na plataforma, que será lançada nesta sexta durante o congresso do MBL – haverá um concurso de debates e o vencedor terá a chance de debater com o deputado federal eleito Kim Kataguiri, um dos expoentes do movimento.

Para o professor da Universidade Federal de Alagoas Marcos Ribeiro Mesquita, doutor com estudo sobre o movimento estudantil na atualidade, os jovens liberais “devem enfrentar muita resistência” no ambiente acadêmico, que, ele reconhece, tem uma tradição de esquerda forte. “Ainda que tentem, acho que é um processo difícil”, diz.

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O MBL Estudantil é legítimo, nas palavras de Mesquita, “porque vivemos numa democracia”. “Mas nesse campo de disputas eu acho que o movimento estudantil ainda consegue ser um espaço de resistência forte a esse movimento liberal existente no país.”

Para D’eyrot, “se for igual à resistência ao Bolsonaro tá ótimo! Caminho livre!”, afirma.

Ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral acredita que o MBL Estudantil “vai perder muita eleição, e não porque são o MBL, não porque são de direita, mas porque as ideias não são frutíferas”, afirma ela, ao dizer que o grupo está descolado da realidade dos estudantes. 

Ela cita alguns exemplos. “O MBL defende cobrança de mensalidade nas universidades públicas. Qual a chance de o MBL vencer uma eleição numa universidade pública?” Além disso, o grupo foi contra o movimento de ocupação de escolas em todo o país em 2016 por estudantes secundaristas contrários à proposta de reforma do ensino médio. “Eu acho que eles vão ter muito trabalho.”

Disputar o comando da UNE está fora do radar do grupo liberal, que considera a entidade obsoleta. A atual presidente da organização, Marianna Dias, rebate: “A UNE é uma organização enraizada. Não nasceu no Facebook, nasceu por conta da necessidade da luta contra o fascismo no Brasil há 81 anos”, diz. 

Dias convida o MBL a participar do congresso da entidade no próximo ano, que chama de plural e aberta aos mais variados matizes ideológicos. “Se você acha que a UNE precisa ter uma nova postura, dispute a UNE. Criar coisas paralelas é, na minha opinião, criar um grupo de amigos. A UNE não é um grupo de amigos, não é um grupo de Facebook”, diz.

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A UNE já teve convênios com o governo federal, sobretudo nos governos petistas, o que lhe garantiu repasse de verba pública. Pedro D’eyrot rechaça a prática, mesmo no governo Bolsonaro, que tende a ser mais alinhado com o que pensa o grupo. “Essa relação direta de subserviência dos estudantes perante o poder público não nos interessa. Independentemente do presidente”, diz.

Correntes liberais não são exatamente uma novidade no movimento estudantil. Grupos que defendem ideais mais à direita já venceram eleições em DCEs de universidades tradicionais como a UnB (Universidade de Brasília) e a UFRGS (Rio Grande do Sul).

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