Modelo é o mesmo do novo Enem
As mudanças propostas pelo Conselho Nacional de Educação para o ensino médio batem com o novo modelo de vestibular unificado, que passa a ser pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), baseado em quatro áreas do conhecimento.
Reforma
Confira as mudanças na educação já propostas pelo MEC:
Em 2007 o MEC iniciou a discussão sobre a mudança do ciclo básico de 8 para 9 anos, que permite o ingresso no primeiro ano do ensino fundamental de crianças com 6 anos incompletos.
Em fevereiro deste ano o MEC apresentou a proposta de ampliação do ensino obrigatório para 14 anos, que obriga o estudante a frequentar a escola dos 4 aos 17 anos. Hoje o ensino fundamental tem oito anos, mas até 2010 todos os municípios deverão implantar o ensino fundamental obrigatório de nove anos. Além disso, educação infantil e ensino médio passam a serem obrigatórios.
Neste ano está em discussão a adoção do vestibular unificado para todas as universidades federais, que devem usar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de avaliação para ingresso no ensino superior.
O Ministério da Educação (MEC) está em discussão com o Conselho Nacional de Educação para estabelecer mudanças no ensino médio no país. As 12 disciplinas obrigatórias 14 no Paraná com Filosofia e Sociologia passariam a dar lugar para quatro áreas amplas de conhecimento: Exatas, Humanas, Biológicas e Línguas. Se aceita, a nova proposta entra em vigor em 2010 como fase de experiência, mas fica a critério de cada estado optar ou não pelo modelo.
O diretor de Concepções e Orientações Curriculares do Ministério da Educação, Carlos Artexes, explica que não se trata de eliminar completamente as disciplinas, mas de trabalhar amplamente dentro de áreas do conhecimento que já existem. Ele diz que são cinco pontos básicos que devem mudar, como o aumento da carga horária de 2,4 mil para 3 mil horas, incorporação de disciplinas optativas no currículo, inclusão de atividades de leitura, maior relação entre teoria e prática e a concentração do ensino em ciência, cultura e trabalho.
Artexes explica que hoje a educação do país já é baseada em áreas do conhecimento, só mudaria a forma como isso é trabalhado não ficaria mais dividido em disciplinas como Física, História, Geografia, Biologia e outras. "Não vamos descumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), não pretendemos mudar a legislação. Vamos fazer isso como experiência e os estados têm autonomia para aceitar ou não", explica.
O foco da nova proposta é que o aluno use o aumento da carga horária em projetos que devem ser desenvolvidos na escola junto com o professor e que a prática esteja associada com atividades teóricas. Para isso seria necessário um aumento da carga horária do professor, que também poderá ser estudada pelo MEC. "O aluno do ensino médio hoje se vê desestimulado porque não encontra ligação entre o que aprende em sala de aula e a vida. Além disso, 12 disciplinas são muita coisa. Queremos que ele fique mais perto da prática na escola", diz o diretor.
Nas disciplinas optativas, que devem ser ofertadas nas 600 horas a mais incorporadas no currículo, a escola poderá escolher o assunto que deseja trabalhar. A ideia do MEC é que os estados possam trabalhar os conteúdos com mais liberdade.
Problema
A Secretaria Estadual de Educação, o Conselho de Educação do Paraná e educadores acreditam que o principal problema da nova proposta é a formação dos professores, que não estão preparados para trabalhar com interdisciplinaridade.
A superintendente de educação da Secretaria Estadual da Educação, Alayde Digiovanni, diz que o estado está surpreso com a notícia porque em reuniões anteriores com o MEC a divisão em disciplinas era defendida. Ela explica que hoje a formação dos docentes é por disciplina e que, para que eles tenham condições de se adequar à nova forma de ensino, seria necessária uma reestruturação dos cursos de licenciatura na universidade. "Se você trabalha por área e não por disciplina, fica a critério exclusivamente do estado e acaba com a unidade nacional. Assim o ensino fica muito vago e as escolas precisam ter uma garantia mínima", diz Alayde.
O presidente do Conselho Estadual, Romeu Gomes de Miranda, concorda sobre a falta de preparo dos professores para o novo modelo, mas vê com bons olhos a proposta do MEC de ensinar por áreas do conhecimento. Segundo ele, o ensino médio no país é ruim e a grade curricular é inviável. "Os alunos desistem no meio do caminho porque não conseguem acompanhar. O currículo já foi mudado, mas não pensaram nos alunos", comenta.
Para o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinep), Ademar Batista Pereira, a proposta do MEC não é viável agora, principalmente nas escolas particulares. Pereira acredita que essa medida não resolve o problema do ensino médio, que para ele melhoraria com mais tempo de escola desde o ensino fundamental.
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