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O Ministério da Educação (MEC) lançou, na tarde desta terça-feira (18), o programa Tempo de Aprender, voltado ao aperfeiçoamento e valorização de professores de alfabetização e à melhoria da fluência de leitura dos alunos. A pasta deve investir ao menos R$ 220 milhões na iniciativa e promete premiar professores que demonstrarem bom desempenho e avaliar a fluência de leitura de estudantes de forma amostral.

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A partir de agora, o MEC oferecerá formação continuada prática e on-line a professores e gestores da educação básica, e selecionará 50 docentes para participar de um intercâmbio em Portugal, no segundo semestre, para uma espécie de compartilhamento de evidências científicas entre profissionais da área.

O ex-ministro da Educação português, Nuno Crato, foi convidado para palestrar na primeira Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências Científicas (Conabe), realizada no último ano. Para o MEC, as políticas públicas adotadas e os índices alcançados pelo país são referência.

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Estudo de fluência

Será aplicado, ainda, um estudo nacional de fluência de leitura com alunos do 2º ano do ensino fundamental. Sabe-se que municípios como Sobral, no Ceará, além de outros, realizam testes de fluência de leitura na educação básica e têm obtido os índices mais notáveis do país na área de alfabetização.

"Por que não estender essa experiência a todo o país?", disse o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. "Através do estudo, queremos mobilizar os estados e municípios pela fluência da leitura. Queremos que essa seja uma bandeira das escolas".

Reformular o próximo edital do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNDL) é outro dos objetivos do MEC. No ciclo de 2022, os materiais do PNDL de educação infantil e alfabetização devem estar adequados às evidências da Ciência Cognitiva da Leitura, segundo a proposta da pasta.

"Em nenhum momento apostamos nossas fichas em uma bala de prata, ou dissemos que iríamos adotar um método de alfabetização específico para resolver o problema da alfabetização no Brasil", disse Nadalim. "Ninguém aqui na Sealf [Secretaria de Alfabetização] é tão ingênuo assim. Após conversas e análises de experiências exitosas, chegamos à conclusão de que são vários os fatores que levam as crianças a esse desempenho".

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, pediu a "boa vontade" de todos para estarem abertos a novas técnicas e experiências internacionais exitosas. "Por que tanto preconceito em escutar o outro lado? Do alto do nosso fracasso, consideramos o que fazemos no Brasil como a melhor coisa do mundo", disse.

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Embora o ano letivo já tenha se iniciado, as secretarias estaduais e municipais podem aderir voluntariamente ao programa.

"Situação não é boa"

Segundo Nadalim, esse é o programa mais esperado pela pasta. "Precisamos reverter esse quadro. De acordo com os dados que temos, a situação não é nada boa", afirmou.

As duas últimas edições da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), agora Saeb, identificaram que 55% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental têm conhecimento insuficiente em leitura.

Dados da mais recente avaliação Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) revelaram que 50% dos estudantes com 15 e 16 anos não possuem nível básico de leitura. "Isso é consequência de um processo de alfabetização ineficaz e acaba afetando a trajetória escolar dos estudantes brasileiros",avalia Nadalim.

Um processo de alfabetização não concluído ou mal sucedido pode ainda gerar outras consequências, como o abandono e a repetência. Informações do Censo Escolar 2019 indicam que o 3º e o 6º ano do ensino fundamental são os períodos nos quais ocorrem picos de reprovação e abandono escolar.

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