Na prateleira
Conforme a idade e a relação com a leitura, a criança pode se sentir atraída por diferentes tipos de livros:
Primeiros contatos
Livros garantem estímulo sensorial a bebês, seja pela entonação da voz, ritmo ou manipulação de livros específicos, geralmente feitos de plástico ou pano. Indicação: coleções Brinquebook e Publifolha.
Pequenas leituras
Com 3 ou 4 anos, a coordenação está mais desenvolvida, possibilitando o manuseio de livros com páginas em papel com maior facilidade. São importantes figuras grandes e narrativa linear. Indicação: O Caso das Bananas, de Milton Célio de Oliveira Filho, e Bruxa, bruxa, venha à minha festa, de Arden Druce.
Letrado
Com a capacidade de reconhecer palavras e frases, os livros já podem conter pequenas histórias e narrativas mais elaboradas. Indicação: A Fantástica Máquina dos Bichos, de Ruth Rocha, e Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento, de Marina Colasanti.
Leitor em processo
Aos 9 e 10 anos, a criança organiza o pensamento lógico e é capaz de diferenciar o mundo real do da Literatura. São capazes de ler livros maiores, com narrativas mais complexas. Indicação: A história sem fim, de Michael Ende, e obras de Monteiro Lobato.
Leitor juvenil
A criança com 11 e 12 anos tem capacidade de compreender diferentes textos e pode ser apresentada aos grandes clássicos da literatura.
Fonte: especialistas entrevistados.
Hora da escolha
A psicóloga e proprietária da livraria Bisbilhoteca, Cláudia Serathiuk, dá dicas para incentivar os filhos a ler:
- Cuidado com livros com pop-ups e outros elementos interativos. Eles podem ser bons visualmente, mas nem sempre acrescentam em termos de leitura.
- Pesquise livros infantis premiados e peça indicação aos vendedores das livrarias. Confira se o conteúdo do livro está de acordo com o perfil e com os valores da família.
- Não deixe todas as escolhas na mão das crianças. Elas tendem a escolher livros que trazem personagens televisivos.
- Leia para a criança e deixe que ela o veja lendo por prazer.
A quantidade de tempo dedicado à leitura como lazer na infância e adolescência tende a formar leitores e implica em reflexos na vida adulta. Um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que os melhores leitores leem mais por estarem motivados a isso e, consequentemente, desenvolvem mais o vocabulário e a capacidade de compreensão. Na pesquisa, o Brasil aparece junto às nações com os menores índices de leitura entre alunos na faixa dos 15 anos.
A publicação Education at a Glance (Educação de Relance, em português) cruzou notas do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2009 e dados sobre a quantidade de horas por semana que alunos de vários países afirmaram dedicar à leitura sem obrigação escolar. Os leitores que se saíram melhor na avaliação afirmaram ler ficção. Contudo, a leitura de outros materiais, como revistas, jornais e livros de não ficção também ajuda a fazer da leitura um hábito, especialmente entre leitores mais "fracos" ou iniciantes.
Com exceção dos gibis em alguns países, crianças que afirmaram ler essas publicações tiveram nota inferior do que aqueles que disseram não lê-las , revistas, livros e jornais contribuem positivamente com a performance de leitura dos estudantes. Segundo o estudo, o motivo da ressalva poderia estar ligada ao fato de leitores "fracos" considerarem os gibis uma leitura mais acessível.
Para o educador Júlio Röcker Neto, vice-presidente da editora Ahom Educação, não há nada de mal em uma criança ler gibis e revistas adequados à sua idade, mas não se pode deixar de apresentar a ela outros tipos de leitura, como narrativas ou poesias. Ele reforça a importância da leitura para o desempenho escolar. "Exames nacionais e mundiais comprovam que o entendimento dos enunciados das questões é determinante para o sucesso do aluno em uma avaliação."
Professores
Apenas 19% dos estudantes entre 14 e 17 anos dizem ler livros que não foram pedidos na escola. O índice cai para 10% na faixa de 11 e 13 anos. Os números fazem parte de uma pesquisa conduzida pelo Instituto Pró-Livro e o Ibope. A falta de interesse pelos livros pode ser reflexo do mau uso do material nas escolas. Para a professora de Metodologia de Ensino da Literatura Infantil Elisa Dalla Bona, os professores erram quando usam a leitura unicamente como pretexto para ensinar ou alfabetizar.
"Quando o professor trabalha o texto com perguntas medíocres, o que chama de interpretação, parte do pressuposto que o aluno não tem capacidade de interagir com o texto. Isso deixa a criança insegura. O resultado é que crianças leem porque o professor mandou, e não por prazer", diz Elisa.
Claudio André Gonçalves, 16 anos, vai na contramão quando o assunto é leitura como passatempo. Mesmo estudando para o vestibular, não fica sem ler pelo menos 1h30 por dia. "Quando o professor pede para ler livro ninguém quer. Preferem resumos. Os alunos deveriam ser estimulados a ler sem obrigação. Se é para ler porque vale nota, aí fica chato."
De acordo com Eliege Pepler, mestre em Estudos Literários e professora do Colégio Medianeira, a forma de encarar a leitura também precisa mudar. "Leitura não é dom, gosto ou hábito. Demanda concentração, isolamento, participação ativa e reflexiva. É como em um exercício físico, quanto mais cedo é estimulada e quanto mais se pratica, melhor a capacidade de leitura."
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