Avaliação ajuda a disseminar bons exemplos
Premiar as cidades brasileiras pela eficiência da merenda escolar é dar visibilidade às boas práticas, analisa a diretora-executiva a oscip Ação Fome Zero, Maria de Fátima Menezes. Ela acredita que, quando o resultado sai, é como se um compromisso fosse estabelecido com as cidades premiadas e a iniciativa contagiasse localidades próximas. "Depois de dois anos, é comum que uma cidade geograficamente mais perto da vencedora anterior também seja selecionada. Isso é tudo o que queremos: que um gestor mostre seu modelo e que outros acompanhem isso", diz.
Conforme Fátima, cada município é avaliado de acordo com sua realidade e não simplesmente por seu tamanho populacional. Tanto que 70% das cidades participantes não possuem mais do que 20 mil habitantes. "São essas que acabam tendo mais visibilidade, até porque, quanto maior a rede de alunos, mais recursos as cidades maiores acabam recebendo", afirma ela, ao definir que a análise dos inscritos compreende, sobretudo, bom senso. "Há vários Brasis dentro de um."
Hoje, cada município recebe por dia letivo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) R$ 0,90 por aluno matriculado no ensino integral ou creches, R$ 0,30 para estudantes de escolas de ensino regular e R$ 0,60 para alunos de escolas indígenas e quilombolas.
Participação
Os municípios podem se inscrever gratuitamente ao prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar. Até a edição de 2013, 3 mil cidades participaram ao menos uma vez. No Paraná, além de Apucarana, foram premiadas Fernandes Pinheiro (2006), Ouro Verde do Oeste (2008), Francisco Alves (2008, 2009 e 2010) e Mercedes (2011). As cidades vencedoras participam de uma cerimônia de premiação e ganham um certificado da Oscip. Mais informações em www.acaofomezero.org.br.
Apucarana, no Norte do estado, é o único município paranaense a concorrer neste ano ao prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar. A premiação é uma iniciativa da Ação Fome Zero, Oscip que recebeu nesta edição 889 inscrições de todo o Brasil. Cinquenta e quatro cidades foram selecionadas como finalistas e, assim como Apucarana, estão tendo as refeições que oferecem aos estudantes analisadas por representantes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A cerimônia com os vencedores ocorrerá no dia 9 de dezembro, em Brasília.
A diretora-executiva da Ação Fome Zero, Maria de Fátima Menezes, explica que a proposta do prêmio é garantir que os recursos públicos destinados à alimentação escolar sejam efetivamente gastos em alimentação de qualidade. Isso, avalia, é fundamental para garantir o desenvolvimento físico e intelectual dos alunos. "A escola hoje é o melhor espaço para que a criança aprenda a comer; não é mais em casa. Por isso, focamos na alimentação saudável e no estímulo à ingestão de produtos naturais e sem processamento", diz.
Fátima recorda que a merenda de Apucarana já se destacou em outras edições do prêmio a cidade foi uma das vencedoras em 2005 , em especial, pelo fato de servir três refeições por dia aos alunos da rede pública. A prática, estimulada pela implantação do ensino integral na cidade, ainda ocorre. "Na época, eles usavam uma verdura pouco conhecida no cardápio escolar, a ora-pro-nóbis", comenta ela, ao observar que, além das estratégias para usar os recursos da merenda, as cidades também serão avaliadas por projetos de educação nutricional, participação social na alimentação escolar, desempenho administrativo-financeiro e ações para uma melhor atuação das merendeiras.
Gestão
Em Apucarana, 10,6 mil crianças da rede municipal recebem a merenda gerida pela prefeitura. Cerca de 8 mil estão em 33 escolas de turno integral, enquanto o restante é atendido em 23 centros municipais de educação infantil (CMEIs). Duas nutricionistas são responsáveis pela produção e acompanhamento do cardápio. "Acabamos usando mais do que os 30% exigidos na verba da merenda com alimentos vindos de produtores rurais. Procuramos diversificar bastante e eles [os alunos] estão gostando", afirma o secretário municipal de Educação, Fernando José de Freitas.
O secretário acrescenta que, ao menos uma vez por mês, novos produtos passam a fazer parte do cardápio das escolas. É o caso do iogurte, gelatina e flocos de milho com sabor chocolate. As novidades costumam ser baseadas em pesquisas junto à criançada. Um software desenvolvido para a área tem ajudado ainda a informar ao depósito de merenda da prefeitura o que está acabando e precisa ser reposto.
TrabalhoMunicípio aposta em cardápio balanceado para nutrir a criançada
Um cardápio balanceado em quantidade e qualidade. Essa é a receita de Apucarana para garantir a seleção na final do prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar, comenta a nutricionista da rede municipal Jaqueline de Oliveira. "Montamos o cardápio em cima da nossa cultura regional e os produtos que temos na estação. Isso inclui frutas como banana, laranja, abacate e maracujá, por exemplo. Oferecemos de formas diversificadas, como fruta, vitamina e bolo", relata.
Ela observa que, ao mesmo tempo, a prefeitura tem apostado em verduras frescas e na apresentação de temperos naturais, como folha de louro, orégano e canela em pau. Nas escolas em tempo integral, são três refeições diárias almoço e dois lanches. Já nos CMEIs, os alunos têm um lanche a mais. "Os almoços sempre têm arroz branco, feijão, uma proteína, uma salada crua, um legume cozido e uma guarnição, como macarrão, torta salgada ou purê de batatas", diz a nutricionista.
Variedade
A sobremesa fica por conta das frutas da estação, embora nos CMEIs haja a opção de pudim. A aprovação de cada alimento, assinala a profissional, muda ainda de acordo com a região da cidade. "Em algumas escolas, as crianças gostam mais de estrogonofe, em outras, quibe assado", exemplifica.
Segundo Jaqueline, a composição da cor do prato e dos horários de cada lanche também são uma preocupação na hora de elaborar o que os pequenos vão comer. Ela antecipa que já há projetos em estudo para medir, a partir de 2014, os resultados obtidos com a merenda oferecida.