O ministro da Educação, Milton Ribeiro, demitiu o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Benedito Guimarães Aguiar Neto, na sexta-feira (09). Por meio da redes sociais, Ribeiro afirmou, nesta segunda-feira (12), que o substituto terá perfil técnico e acadêmico, mas não deu detalhes sobre essa questão. Ele não disse qual foi a motivação da troca.
A saída de Aguiar da Capes foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (12).
À repórter Isabelle Barone, da Gazeta do Povo, Aguiar afirmou que o comunicado sobre a demissão veio pessoalmente do próprio ministro da Educação e sem "qualquer justificativa". "Apenas fui comunicado pelo ministro de que serei exonerado".
"Não sei a motivação, prefiro até não especular nada", disse Aguiar à Gazeta do Povo. "Sempre tivemos [eu e o ministro Milton Ribeiro] um bom relacionamento. Ele tem todo direito de fazer as mudanças que ele acha que precisam ser feitas, mas não me deu qualquer justificativa [sobre o por que fui demitido]".
Uma das ações de Aguiar à frente da Capes foi mudar o modelo de concessão de bolsas de pós-graduação. Iniciada em 2020, a mudança foi consolidada em fevereiro de 2021. De acordo com o ex-presidente da coordenação, ela se deu pela necessidade de reduzir distorções históricas e definir parâmetros claros para o fomento - que, até então, não existiam. "Creio que estamos conseguindo implantar uma cultura de meritocracia na ciência. É um processo em curso, mas, mais do que nunca, o mérito está sendo levado em conta", afirmou.
Perfil do ex-presidente da Capes
Benedito Guimarães Aguiar Neto havia sido nomeado para comandar a Capes em 24 de janeiro de 2020. Anteriormente, havia sido reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).
Ele é mestre em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), instituição onde também foi diretor do Centro de Ciências e Tecnologia, de 1997 a 2005. Fez doutorado na Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, e pós-doutorado na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
A escolha de Aguiar foi alvo de críticas pelo fato de seu nome ter sido apontado como contrário à Teoria da Evolução e defensor do criacionismo. À época de sua nomeação, quando perguntado sobre a questão, o agora ex-presidente da Capes afirmou: "Defendo que possamos fomentar a pluralidade de pensamento na universidade, para desenvolver a consciência crítica do nosso aluno. Sem liberdade não se desenvolve a criatividade e a solução de problemas fica mais distante. Por que não abrir a discussão para participação daqueles que pensam diferente quanto à origem da vida? Que utilizam argumentos científicos no contexto do design inteligente? Nada de imposição, mas sim abrir para o contraditório quanto à complexa questão da origem da vida, como contraponto às teorias reinantes".
Sobre os objetivos que tinha à frente da Capes, Aguiar afirmou que "a minha defesa é pela educação de qualidade, pela valorização da ciência e pelo investimento à pesquisa de maneira que nosso país possa se destacar no cenário internacional como um país que desenvolve pesquisa de ponta. E que também desenvolva uma pesquisa voltada para os problemas locais, para os problemas do país. Como o orçamento é apertado, nós temos de definir áreas estratégicas de investimento".
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