Nesta quinta-feira (25), durante transmissão ao vivo pelo Facebook, junto com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e outros representantes do governo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o risco de que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não aconteça este ano "está totalmente afastado", e salientou que o próximo exame não terá "questões ideológicas e muito polêmicas".
Weintraub também comentou sobre próximas ações do MEC (Ministério da Educação), como a provável diminuição de investimentos em cursos de Filosofia e Sociologia, e criticou a permanência de "dogmas", como o que existe em torno da figura de Paulo Freire, no debate sobre educação no país.
Depois que a gráfica contratada para a impressão do Enem declarou falência, estudantes ficaram preocupados com a possibilidade de que não houvesse prova em 2019. A jornalistas, porém, depois da transmissão, Weintraub afirmou que "não tem alarme", e ainda orientou aos alunos que continuem estudando para o exame, "porque a disputa é acirrada".
"Havia uma possibilidade, mas essa possibilidade foi afastada. O TCU foi muito parceiro em compreender o problema", disse o ministro, se referindo à ação recente do TCU, que autorizou o MEC a contratar uma nova empresa para imprimir as provas do Enem deste ano.
Ele fez questão de salientar, além disso, que no exame deste ano não haverá "questões ideológicas e muito polêmicas, como no passado". "Estudem coisas sem questionamento ideológico, como a gente viu no passado".
Dogmas
Weintraub também criticou os "dogmas" em torno do debate sobre a educação no país. "Porque a gente não pode discutir as coisas aqui? É dogma?", disse. Quando perguntado sobre que "coisas" não são debatidas, o ministro apontou para um mural com o rosto do educador Paulo Freire que fica em frente ao Ministério da Educação.
"Aquele cara ali, o Paulo Freire, no mural... eu acho que é dogma, a gente não pode discutir, tudo que ele falou é certo?", questionou.
Fim de cursos de filosofia e sociologia?
Durante a transmissão, o ministro também comentou sobre uma ação que seria divulgada "oficialmente" horas mais tarde - na manhã dessa sexta-feira (26), por Bolsonaro, no Twitter. Segundo o presidente, o governo estuda "descentralizar investimento em faculdades de Filosofia e Sociologia" e passar para áreas que "gerem retorno imediato ao contribuinte", como Medicina Veterinária, Engenharia e Medicina.
Na quinta, Weintraub comentou sobre o exemplo do Japão, "que é um país muito mais rico que o Brasil e está tirando dinheiro público, do pagador de imposto, de faculdades que são tidas como para uma pessoa que é muito rica ou de elite, como filosofia". "Pode estudar filosofia, sim,", afirmou, "mas com dinheiro próprio".
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O investimento "que vai para faculdades como de Filosofia, Sociologia, ele [Japão] coloca em faculdades que geram retorno de fato, como Enfermagem, [Medicina] Veterinária, Engenharia, Medicina", contou.
"O que a gente tem que ensinar para as crianças, os jovens? Primeiro, habilidades, como poder ler, escrever, fazer conta. A segunda coisa mais importante é um ofício, que gere renda para a pessoa, bem-estar para a família dela, para que melhore a sociedade em volta dela", defendeu o ministro.
No fim, ressaltou que quem está nos cursos, atualmente, "não precisa se preocupar, o direito deles vai ser respeitado, tudo segue, vida normal".
Metas agressivas
As metas do MEC - motivo pelo qual Ricardo Vélez, ex-ministro da Educação, foi amplamente criticado, por "não ter metas" - devem ser apresentadas ao Congresso Nacional, por Weintraub, no próximo mês. Segundo ele, as propostas são "agressivas".
No dia 7, a Comissão de Educação do Senado irá recebê-lo e, no dia 15, será a vez do colegiado da Câmara voltado ao tema assistir à exposição dele.
"A gente está colocando algumas metas agressivas. No dia 7 de maio eu vou ao Senado na comissão de educação. Essas metas vão ficar explicitadas. Seria até uma descortesia minha antecipar. Dia 15, vou fazer a mesma apresentação na comissão de Educação da Câmara", disse.
"Hoje o Brasil gasta como países ricos e tem resultados como países pobres. É uma falta de respeito com quem paga mais caro o diesel, o pão, o leite, a gente não melhorar com o que a gente já recebe", finalizou.