Apesar de negar ter sido convidado, o educador Mozart Neves Ramos, 63 anos, é cotado para assumir o Ministério da Educação (MEC) do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Fontes ouvidas pelos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo afirmavam que a oficialização da escolha deveria ter sido feita ainda nesta quarta-feira (21), mas foram desmentidas pelo Instituto Ayrton Senna.
Em nota, o Instituto afirmou que:
“Diferentemente do que vem sendo publicado na imprensa, Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, não foi convidado pelo novo governo para assumir o Ministério da Educação. Amanhã pela manhã (22), Mozart participará de mais uma reunião técnica em Brasília, agora com o presidente eleito Jair Bolsonaro, para dar continuidade à reunião feita com Onyx Lorenzoni na semana passada, na qual foram apresentados um diagnóstico e caminhos de melhoria para a educação brasileira, preparados pelo Instituto Ayrton Senna”.
O nome poderia agradar a direita e boa parte dos educadores de esquerda – e por isso talvez não seja o escolhido por Bolsonaro. O currículo de Mozart inclui uma passagem significativa em instituições públicas, ainda que com forte atuação nos últimos anos em fundações empresariais interessadas em melhorar a educação no país.
Mozart, engenheiro químico doutorado pela Unicamp e pós-doutor pela Politécnica de Milão, foi ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ex-secretário da Educação do mesmo estado (2003-2006) na gestão do governador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB, entre 2003 e 2006). Durante esse período, começou o programa de educação integral no ensino médio em Pernambuco, modelo que inspirou a reforma do ensino médio adotada em 2017.
Presidiu o movimento “Todos pela Educação” (2007-2010), que reúne gestores de educação de diversos ramos no país, e foi membro do Conselho Nacional de Educação entre 2005 e 2014. Atualmente, dirige a área de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, organização sem fins lucrativos dedicada a realizar projetos para a melhoria da educação básica. É autor dos livros “Educação Sustentável” (Altana, 2006) e “Educação Brasileira: uma agenda inadiável” (Editora Moderna).
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Segundo a Folha de S. Paulo, o desejo inicial de Bolsonaro seria o de ter à frente da pasta a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, mas ela demonstrou resistência em assumir o posto. Viviane é irmã de Ayrton Senna, piloto tricampeão brasileiro de Fórmula 1 que morreu em acidente em maio de 1994 enquanto competia na Itália.