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Desenvolvimento pessoal

MP3 ajuda deficiente visual a “ler” mais

“Eu esqueci o braile. Hoje meu contato com o livro é todo pelo livro falado. Nesse sentido, o computador resgastou esse prazer.”

Judith Salete Jardeveski, comerciante, que começou a perder a visão aos 20 anos | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
“Eu esqueci o braile. Hoje meu contato com o livro é todo pelo livro falado. Nesse sentido, o computador resgastou esse prazer.” Judith Salete Jardeveski, comerciante, que começou a perder a visão aos 20 anos (Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo)

A comerciante Judith Salete Jardeveski, 55 anos, começou a retirar livros da biblioteca aos 8 anos. Mas o gosto pela leitura, que veio cedo, ficou ameaçado quando Judith fez 20. Um problema degenerativo na visão tornou o braile sua única opção para continuar lendo. E a facilidade com que Judith lia foi embora. Achar livros em braile era tarefa complicada. A técnica da leitura também não era das mais fáceis. A situação começou a mudar com o livro falado.

Para Judith, foi a redescoberta do prazer de ler. "Eu esqueci o braile. Hoje meu contato com o livro é todo pelo livro falado. Nesse sentido, o computador resgastou esse prazer", conta a comerciante, que há um ano e meio recebe livros da Fundação Dorina Nowill, entidade que se dedica a prestar apoio a pessoas com deficiência visual. Nesse período, Judith conta ter lido pelo menos 70 obras. Atual­­mente é o best seller O Código da Vinci, que está sendo "contado" no seu MP3. "Tenho um irmão, que também é deficiente visual, e estou tentando convencê-lo a aprender a usar o MP3 para começar a receber os livros."

De acordo com Suzy Maluf, gerente de distribuição da Fundação, a média de leitura dos deficientes visuais é de nove livros por ano, enquanto o brasileiro comum, alfabetizado, lê 1,3 livro por ano. "É um público ávido por informações que, agora, graças à tecnologia, tem sua demanda atendida."

A Dorina Nowill tem um acervo de 30 mil obras em formato digital e 2 mil leitores cadastrados e ativos. Ainda é pouco. As estimativas dão conta de que 3,5 milhões tenham deficiência visual no Brasil.

De acordo com Sílvia, menos de 20% dessas pessoas foram alfabetizadas em braile. "Na verdade há um espaço enorme para o crescimento desse setor e uma mídia não substitui a outra. O braile continuará tendo seu espaço no ensino fundamental de crianças com problemas de visão. O livro falado preenche uma necessidade de lazer e de cultura e a próxima etapa é a do livro digital, que traz muita vantagem para trabalhos acadêmicos de deficientes visuais", diz.

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