O mês de junho chega ao fim e, com ele, vai-se a rotina de quem tem filhos em idade escolar: são as férias de julho. Para especialistas, o desafio de pais e mães é criar para as crianças um ambiente mais livre, sem tantas regras. Mas que não seja um “vale-tudo”.
Os arte-educadores da Casa Labirinto apostam em um “brincar livremente”. O objetivo é incentivar que a criança “saia um pouco do contexto de atividades dirigidas, impostas” que ela vive na sala de aula, segundo explica a responsável administrativa do espaço, a psicóloga Shani Falchetti Menandro.
Na Casa há oficinas de teatro, música e artes cênicas no sistema de contraturno, durante o período escolar. Nas férias, realiza a chamada “descolônia”. Além disso, há diversos ambientes com opções brincantes. Em um deles, inclusive, não há brinquedo algum, apenas um labirinto no chão. A criança fica livre para brincar onde quiser.
O princípio de atividades livres também guia a Ipê Amarelo, que surgiu como uma colônia de férias, em 2013, e hoje funciona também como um centro de educação infantil voltado à pedagogia Waldorf. Na colônia, crianças de 3 a 10 anos brincam juntas, livres, em um espaço de mil metros quadrados.
“A gente acredita que as crianças precisam ter tempo para criar suas próprias brincadeiras. É preciso propor um ambiente adequado para que a criança se organize, crie um repertório”, defende Dayse Santiago, que coordena as atividades da Ipê.
Dayse conta que, em um primeiro momento, há quem confunda esta ideia de um brincar mais livre com a ausência de regras ou de um acompanhamento por parte de adultos responsáveis. Mas não é isso. Pelo contrário: uma equipe acompanha os pequenos o tempo todo, direcionando-os, sempre com um olhar para a educação e a arte.
Em casa
Para quem têm tempo disponível de ficar com os pequenos em casa, uma dica importante é mudar a rotina da criança. Disponibilizar um tempo de descanso, deixá-los acordar mais tarde, tomar um café da manhã um pouco mais prazeroso.
Coisas pequenas que podem ajudar neste período que “tem de ser encantador na vida da criança, afinal de contas ela merece este descanso”, na avaliação de Silmara Gusso, coordenadora pedagógica do Colégio Atuação.
Silmara explica que os eletrônicos, como “joguinhos” e televisão, não são inimigos. “Também são importantes, mas desde que ocorram com um tempo delimitado também nas férias”, diz.
Para quem não tem muita disponibilidade de ficar em casa, uma alternativa são as colônias de férias, muitas vezes ofertadas pelas próprias escolas.
Literatura
Coordenadora de educação infantil e fundamental 1 do Colégio Opet, a professora Santina Brandalize aposta na literatura como uma alternativa de diversão que não só pode como deve ser incentivada entre os pequenos.
Para tornar o hábito da leitura mais atraente, uma opção é torná-la um passeio. “Conhecer bibliotecas, os faróis do saber, estas dos tubos [tubotecas], fazer empréstimo, carteirinha. São formas de tornar algo mais divertido”, explica.
Com seus alunos do 1.º ano, Santina trabalha um livrinho de férias, como se fosse um diário. É algo que os próprios pais podem fazer, e a tecnologia pode ser uma aliada, por exemplo, com um banco de fotos dos locais das “minhas férias”.