Música pode auxiliar professores em sala de aula

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Atrair a atenção das crianças para disciplinas como história, geografia e matemática tem se tornado um desafio cada vez maior. Apesar disso, educadores têm tentando diversificar sua metodologia a partir de métodos não tão convencionais. 

“Música é pura matemática, por exemplo. Em sala de aula sempre procuramos envolver os alunos em projetos musicais relacionados a várias disciplinas, como ciências, geografia, literatura, idiomas, história e, obviamente, matemática”, conta Gislaine Gomes, professora musical do Colégio Marista Glória, em São Paulo.

Em 2017, o colégio aproveitou a Campanha da Fraternidade de 2017, realizada pela Congregação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) para desenvolver projeto com os primeiros anos do ensino fundamental com o tema ‘biomas brasileiros e defesa da vida’. 

“Buscamos resgatar com as famílias cantigas das várias regiões do nosso país e assim fizemos um conexão com os biomas, trazendo as brincadeiras dessas regiões. Fechamos o projeto com cantigas infantis com o tema mar [do bioma costeiro]”, explica. 

A professora acredita que “a música contribui com a linguagem oral e escrita”, possibilitando o desenvolvimento da criatividade e incentivando a experimentação. “Música também contribui com a socialização, pois muitas vezes acaba transformando-se em porta-voz daquilo que as crianças não conseguem expressar por conta própria”, diz. 

Comprovação científica 

Segundo estudo desenvolvido realizado em 2013 pelo Laboratório de Neurociência da Northwestern University nos EUA, jovens que haviam tido contato com o ensino musical desde a infância mostravam-se mais bem-sucedidos em atividades como discursar em público e na leitura e interpretação de livros. 

Nina Kraus, co-autora da pesquisa, afirma que o estudo musical ajuda aqueles estudantes que apresentam problemas de leitura e interpretação, já que os obriga a “manter a concentração e auxilia a encontrar soluções criativas para diversos problemas”.

Equilíbrio é fundamental 

Ana Cristina Rissete Schreiber, assessora de Música do Colégio Positivo, diz que essa mescla de disciplinas é valida, mas precisa ser adotada com certo cuidado. 

“A música tem as suas especificidades. É essencial manter as ideias desta área de conhecimento bem definidas”, afirma. “Mas também levamos em conta os conteúdos dos outros componentes da grade curricular, procurando uma integração que agrade aos alunos”, completa a pedagoga. 

Para ela, essas iniciativas estimulam habilidades cognitivas elinguísticas: “Aulas são estímulos para que os estudantes possam vivenciar e ampliar o seu mundo musical, criando gosto pela música. Ela deve ser estimulada desde a primeira infância”.

Exemplo Internacional 

Em uma escola de Bradford, na Inglaterra, alunos ouvem música clássica enquanto realizam atividades com formas geométricas; em média, cada aluno da Feversham Primary Academy tem acesso a duas horas semanais com atividades musicais, inseridas em disciplinas como história e matemática.  

Por se tratar de uma escola inserida em uma comunidade baseada em povos imigrantes, 99% das crianças da Feversham têm o inglês como segunda língua, sendo que metade chegam à escola sem o mínimo de conhecimento do idioma. 

A música então auxilia as crianças, muitas com dificuldade de expressão e de lidar com o fracasso, a desenvolver habilidades sociais como o contato visual e o trabalho em equipe.

Com a nova abordagem, pais e professores puderam perceber, em pouco mais de cinco anos, os bons resultados - em 2010, a Feversham  era criticada por estar “falhando em capacitar” os alunos ao fornecer uma qualidade de ensino “abaixo do aceitável”, segundo o jornal The Guardian.

A partir da mudança pedagógica, sete anos depois, a instituição alcançou bons indíces no relatório do departamento de educação do Reino Unido: segundo levantamento do órgão, 74% dos alunos da escola atingiram o padrão nacional em leitura, escrita e matemática, valor bem acima da média nacional (53%).

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— Feversham Primary (@FevershamSchool) December 15, 2017