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Aula na Escola Internacional de Curitiba: musicalização ajuda a desenvolver diversas habilidades, como a fala e a escrita | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Aula na Escola Internacional de Curitiba: musicalização ajuda a desenvolver diversas habilidades, como a fala e a escrita| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O estímulo musical na infância traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento social e cognitivo dos pequenos, com reflexos para toda a vida. É o que apontam pesquisas que relacionam a música ao crescimento de habilidades do cérebro das crianças.

Uma delas, realizada por neurocientistas do Instituto do Cérebro da Universidade da Carolina do Sul, aponta que a música melhora diferentes competências, principalmente as de fala e leitura. Além disso, faz amadurecer com mais velocidade a via auditiva tendo como consequência o aumento da neuroplasticidade.

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“A capacidade do corpo de produzir e modificar conexões neurológicas, a chamada neuroplasticidade, é maior na infância. A música, pelo que temos visto nos estudos, também faz modificações no cérebro, deixando uma porção de ‘janelas de oportunidades’, ou seja, construindo uma reserva cognitiva que deixa em aberto a possibilidade de aprendizado no futuro”, explica Marilene A. B. do Nascimento, bacharel em Piano pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), professora de educação musical na Escola Internacional de Curitiba (ISC) e formada em Pedagogia da Música pela Universidade de Potsdam, Alemanha.

Não à toa muitas escolas, como a ISC, fazem da musicalização infantil um componente do currículo, seja para cumprir a legislação federal ou para oferecer às famílias um diferencial em relação à educação de seus filhos.

Desenvolvimento

O aprendizado da música, que vai além do ensino de algum instrumento, afeta positivamente outras áreas e contribui, por exemplo, para desenvolver habilidades de leitura e escrita e para o aprendizado da matemática. “O reconhecimento de padrões, que estão presentes na música por meio das repetições, é importante para o desenvolvimento dos exercícios matemáticos e nem sempre são identificados facilmente [pelas crianças]”, exemplifica Rafael Ferronato, professor do curso de Música da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Ensino de música está na lei

O ensino da música, assim como das artes visuais, dança e teatro, é componente obrigatório dos currículos da educação infantil e do ensino fundamental, como determina a lei nº 13.278, sancionada em maio deste ano pela ex-presidente Dilma Rousseff.

Ao extrapolar o simples ato de ouvir a música e envolver questões como a movimentação corporal, jogos e brincadeiras musicais, a musicalização infantil também contribui para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras e da noção espacial, como acrescenta a especialista em educação musical Helena Loureiro, doutora em Estudos da Linguagem e coordenadora do Colegiado do Curso de Música da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Outros ganhos que a estimulação musical traz para os pequenos dizem respeito à criatividade, expressão, sensibilidade e socialização, uma vez que a música costuma ser uma construção cooperativa. “Tive uma aluna de flauta que era muito envergonhada, que tinha pânico de palco. Ao longo dos anos ela foi vencendo esse medo e desenvolvendo a questão da expressão, o que hoje a ajuda no seu dia a dia de trabalho, uma vez que ela é advogada”, ilustra Tatiane Wiese, professora de disciplinas pedagógicas para os cursos de Licenciatura em Música e de musicalização infantil nos cursos de extensão da Embap.

Os especialistas lembram, no entanto, que o ensino da música deve ter foco na aprendizagem musical em si mesma, e não em fazer dela uma simples ferramenta para o desenvolvimento das pessoas. “O fato de ela desenvolver outras áreas deve ser visto como um efeito colateral benéfico, mas não como o motivo principal pelo qual se aprende música”, sustenta Marilene.

Quanto antes vier a musicalização, melhor

O estímulo musical pode ser realizado com bebês a partir dos seis meses de idade e não depende, necessariamente, das ações propostas pelas escolas ou cursos especializados. Em casa, cantarolar canções infantis para os bebês ou ouvir rádio são alternativas para fazer da música uma linguagem presente no dia a dia das crianças.

O ideal é que a criança seja exposta a maior variedade de estilos musicais possível, indo da música clássica e da MPB (Música Popular Brasileira) ao vanerão, por exemplo, afirma Marilene do Nascimento, professora de educação musical na Escola Internacional de Curitiba (ISC). “Quanto mais tipos de música ela estiver acostumada a ouvir, maior agilidade terá na hora de fazer música no futuro”, pontua.

Ela ainda acrescenta que aproveitar os shows e eventos musicais gratuitos ou com baixos valores são outras oportunidades de estimular a criança musicalmente. A Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) oferece cursos abertos à comunidade. Mais informações podem ser obtidas no site da escola (www.embap.pr.gov.br).

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