O ano letivo de 2010 vai ser diferente para a pequena Thayanne Schneider, 5 anos. A poucos dias de ingressar no primeiro ano do ensino fundamental, ela enfrenta uma série de mudanças: além de uma escola nova e da turma diferente, Thayanne passa a ficar mais tempo por lá. Ela ingressará no chamado ensino integral, que atualmente abrange pelo menos 1,1 milhão de alunos em todo o país.
Os dados são da última pesquisa realizada em colégios da rede pública pelo Ministério da Educação, em parceria com universidades federais. Em Curitiba, 36 escolas públicas funcionam nesse sistema são os centros de educação integral. Na rede privada de ensino, há pelo menos mais três que aplicam essa mesma proposta e o número só tende a aumentar. "Em apenas um dia de oferta, já tínhamos 21 inscritos", conta o diretor do Colégio Positivo Júnior, Carlos Dorlass. A escola passa a adotar a proposta de ensino integral neste ano também para alunos da 1.ª à 5.ª série.
Na educação infantil, esse procedimento já é bastante usual entre as escolas. A continuidade no ensino fundamental se mostra como uma necessidade de pais que trabalham em ambos os períodos e não têm com quem deixar os filhos em casa. O supervisor de vendas Cláudio Márcio Schneider é um deles. Além de Thayanne, ele é pai de Thaynara, 9 anos, que vai para a 4.ª série.
A partir deste ano, as duas passam a estudar no mesmo centro de educação e podem se encontrar em algumas atividades. "Minha filha mais velha já está lá há quatro anos. Desde que ela saiu da creche foi para a escola em tempo integral", conta o pai. Segundo ele, ter as duas meninas sob os cuidados de educadores colabora para dar mais tranquilidade a ele e sua esposa. "A gente sabe que nossas filhas estão protegidas", afirma.
Experiências
Embora Cláudio tenha essa certeza hoje, nem sempre foi assim. A opção por colocar os filhos no ensino integral ainda deixa muitos pais em dúvida. Uma das maiores preocupações é o tempo que as crianças passam na escola. O menino Gustavo Proença Wyatt, por exemplo, tem 6 anos e uma rotina escolar de aproximadamente oito horas diárias no Colégio Bom Jesus da Aldeia. Isso sem contar o fato de que, para chegar ao colégio antes do início das aulas, às 8h20, ele precisa acordar sempre por volta das 6h30, dada a distância de casa.
Mesmo assim, a mãe, Maria Carolina Wyatt, acredita que o esforço tem valido a pena. "Se ele não vai para a escola, ele acha ruim", diz. Além do horário, os gastos com as mensalidades nas escolas particulares que oferecem o ensino integral também são maiores. Em Curitiba, a média é de R$ 1 mil a R$1,3 mil para essa modalidade de ensino, quase o dobro do valor tradicional. Maria Carolina não vê problemas em pagar um pouco mais. "Se ele não estivesse na escola, ele estaria fazendo atividades extracurriculares", relata. "Na escola ele tem aulas de capoeira, judô, natação e música. Se eu fosse colocar ele em tudo isso, o gasto seria até maior."
Para a psicopedagoga Isabel Hierro Parolin, a diversidade de atividades e a forma como são conduzidas são outros fatores que devem ser levados em conta pelos pais na hora de optar pelo sistema de ensino integral. "A criança não pode ficar em sala de aula o tempo todo. Ela precisa de um programa bem elaborado", afirma. "O fundamental é ter vários grupos, circular pela escola, ter atividades esportivas, além das disciplinas normais."
Outro conselho da especialista é saber aproveitar bem o espaço físico. "É importante que a criança circule bastante nessa escola, que ela possa se apropriar desse espaço e se relacionar com outras pessoas", frisa.
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Interatividade
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