Boulos na USFC, nesta terça-feira (19). Foto: Facebook DCE USFC | Leonardo Gatti | Divulgação.| Foto:

Com protestos de grupos de direita, o ex-candidato à presidência do PSOL, Guilherme Boulos, participou de um evento na aula magna da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, nesta terça-feira (19). No ato, ele pediu a união da esquerda contra o presidente Jair Bolsonaro e “sua turma” e pregou a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba.

CARREGANDO :)

DIÁRIO DE CLASSE: O mínimo que você precisa saber para entender o que acontece dentro de escolas e universidades

Leia também: Decreto de Bolsonaro corta 13 mil cargos em universidades públicas

Publicidade

Questionada sobre o empréstimo de local público para o evento político, a UFSC informou que é regra na instituição permitir o uso do auditório sempre que solicitado por organismos da comunidade universitária, como é o caso do Diretório Central dos Estudantes (DCE), promotor do evento com Boulos, "sem entrar no julgamento do tema ou convidado". Em 2017, a UFSC chegou a proibir um evento contrário ao comunismo, mas permitiu sua realização meses depois.

Segundo Boulos, Bolsonaro e “sua turma” vêm “como um trator, querendo passar por cima”. “Se a gente tiver cada um cuidando dos seus problemas, eles vão matar”.

No discurso acalorado de 40 minutos, ele pediu a união da esquerda contra o “fascismo”.

“Se a gente tiver junto como uma muralha, se a gente tiver a massividade, que muitas vezes faltou para a esquerda nesse país, de colocar aquilo que nos une na frente que nos separa, de entender que as divergências legítimas que existem entre nós – porque de pensamento único basta a turma deles – e que essa diversidade é menor que as diferenças que temos com o Bolsonaro e com a turma dele, isso é o que precisamos para nós”, afirmou Boulos.

Boulos comparou Lula a um preso político, mesmo que o ex-presidente tenha sido condenado em duas investigações na Lava Jato – pelo caso do tríplex do Guarujá e pelo sítio de Atibaia – e espera ainda o julgamento de, pelo menos, outros quatro processos, sem contar outras denúncias em andamento.

Publicidade

“Precisamos ficar junto, independente de qualquer juízo político que se faça, que no nosso ponto de vista é uma questão democrática, que é a liberdade de um preso político: Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Boulos, seguido por gritos de “Lula Livre”.

O auditório, com capacidade para 203 pessoas sentadas, estava lotado e dois telões foram colocados do lado de fora para transmitir a fala de Boulos. Entre os espectadores estavam alunos da universidade, professores e também militantes com bandeiras de partidos políticos de esquerda.

Empurra-empurra

Após a chegada de Boulos, começaram os protestos de grupos de direita. Os estudantes de esquerda e do Diretório Central dos Estudantes da UFSC, responsável pelo evento, responderam com palavras de ordem e gritos de “Bolsonaro é miliciano”. De acordo com o Grupo Direita Santa Catarina, um dos organizadores do protesto, houve discussões verbais e, ao questionarem o direito de permanecerem, sofreram também agressões físicas, com empurrões e chutes, até que todos se retirassem completamente. Uma pessoa caiu e ficou ferida.

De acordo com o DCE da UFSC, metade da passagem foi paga com dinheiro do próprio grupo e outra metade pelo próprio político, que tinha interesse em participar do evento. Além disso, embora o discurso durante a palestra tenha tido apenas um posicionamento, o DCE e os estudantes favoráveis defenderam o evento como sendo um “espaço de debate”.

Leia também: Ameaça a professores e alunos na UFPE: “Vocês serão banidos! Escórias!"

Publicidade

“O que foi gasto de dinheiro público é dinheiro para gerir a universidade, e que é feito justamente pra isso, pra gente debater ideias e poder apresentar projetos de raízes diferentes, plurais”, disse o coordenador do DCE, Marco Antonio Machado.

Já os organizadores do protesto dizem ter se manifestado contrários pelo caráter político da palestra, sem espaço para contraditório, e que ocorreu em espaço público. Além disso, lembraram que, dois meses depois do cancelamento do evento sobre as vítimas do comunismo ter sido cancelado em 2017, o próprio Boulos ministrou uma aula magna na UFSC. Segundo a universidade, o político falou sobre “os desafios da esquerda”.

Leia também: Locais de votação na UFPR têm cartazes com “Ele não”

Em relação ao fato de terem precisado se retirar do local, lamentaram: “Nós não pudemos nos manifestar contra. Estávamos em um grupo de 30 ou 40 pessoas e eles em muitos, alguns inclusive com o rosto coberto. A gente não foi pra confrontar, foi para mostrar que não estávamos concordando com o Boulos na universidade, em um evento pago com os nossos impostos”, comentaram os manifestantes.

Publicidade