Para o doutor em Comunicação e professor de História do Cinema da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Renato Luiz Pucci Júnior, a proposta do cinema obrigatório nas escolas tanto agrada como traz preocupações. Autor dos livros Cinema Brasileiro Pós-moderno: o Neon-realismo (Sulina, 2008) e O Equilíbrio das Estrelas: Filosofia e Imagem no Cinema de Walter Hugo Khouri (Annablume, 2001), Pucci Júnior ressalta que, sem preparação adequada dos professores, a medida pode se tornar negativa. Abaixo trechos de entrevista concedida à Gazeta do Povo.
Qual sua opinião sobre o projeto?
Essa ideia de fazer um trabalho com o cinema de forma sistemática no ensino básico ou ensino médio é um velho sonho de muitos que trabalham com o cinema no Brasil. Um mínimo de estudo audiovisual seria importante para que as crianças aprendessem a enxergar melhor os filmes, elas seriam alfabetizadas assim como na Língua Portuguesa. Mas já há pesquisas que indicam como o cinema na escola pode ser problemático se não for implantado com cuidado. Se o professor não conhecer a linguagem do cinema, daquilo que vai ser mostrado, a exibição pode ter um efeito negativo. Outro ponto a ser questionado é: quem vai escolher os filmes, o que vão exibir, com quais critérios?
Seria necessário que os professores recebessem uma formação específica?
Parece que vão implantar o sistema antes de incluir aos professores o estudo desta matéria. Em muitas escolas e até mesmo nas universidades vemos professor pôr o filme a ser exibido e depois não conversar mais sobre o assunto. Não é só passar o filme e acabou. Para realmente funcionar e ter um efeito positivo o professor precisa saber como lidar com o cinema em sala de aula.
Quais são os benefícios do uso de cinema nas escolas?
Vivemos numa civilização audiovisual. Enquanto no século 19 a cultura era letrada, hoje em dia e cada vez mais, vivemos numa época de imagem e som. Existe a ilusão que todos entendem filmes e programas de tevê. Mas é preciso passar por certo aprendizado. Treinar e melhorar a percepção para enxergar e ouvir melhor a história que está sendo exibida.
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