Apesar das cenas geralmente mostrarem caras pintadas, "banhos" de farinha e ovo, muitos abraços e alegria, resultado de vestibular só é motivo de euforia e festa para uma minoria dos concorrentes. Dos 46.087 candidatos que fizeram a primeira fase do processo seletivo da UFPR para os 26 cursos de graduação da instituição, apenas 13.956 foram aprovados para a segunda fase do concurso. Em meio a gritos de comemoração, na última quinta-feira, a estudante Paula Franciele, de 19 anos, era o retrato da decepção. Sentada no meio fio, chorando, ela lamentava não ter encontrado o nome na lista de aprovados para a segunda fase. "Não tenho a menor idéia do que fazer", resume, desnorteada, a candidata reprovada pela segunda vez na concorrência para Biologia.
De acordo com reportagem de Patrícia Künzel da Gazeta do Povo deste domingo, para quase 30 mil candidatos, a manhã da última quinta-feira marcou um ponto final na esperança de estar no quadro de calouros da UFPR em 2006. Ficar de fora, depois de um ano dedicado à prova, é, no mínimo, frustrante. Mas o tempo agora é de enfrentar a tristeza e seguir em frente. Sem saber o que fazer depois da reprovação?
Confira as sugestões dos especialistas:
Experiência alheia
Aos 31 anos, Marcelo Ferreira formou-se em Medicina, fez residência em Cirurgia Geral e Oncologia, mestrado e agora cursa o doutorado em Clínica Cirúrgica. Tudo isso está no currículo dele, inclusive a premiação por ser o melhor aluno da faculdade nas disciplinas cirúrgicas. "Quando não passei no primeiro vestibular tive um ano a mais para me certificar de que era a Medicina que eu queria seguir. Não foi um ano perdido", avalia.
O clínico geral Gustavo Botelho, de 28 anos, também acha que a reprovação no vestibular não é motivo para desespero. "É constrangedor, porque as pessoas ficam perguntando se você passou e a gente se sente na obrigação de dar explicações. Mas depois que a gente entra na faculdade, vê que aquilo não era nada de mais", diz ele. Botelho entrou na Federal depois de dois anos de tentativas frustradas em outras faculdades públicas. "Na minha turma, de 88 alunos, só quatro tinham feito o vestibular pela primeira vez", lembra.
Desabafe
Pode chorar à vontade. A recomendação é da psicóloga Eloá Andreassa, que trabalha com orientação antiestresse para vestibulandos. "Expressar a tristeza é muito importante, não dá para ignorar este sentimento", diz ela. Tire uns dias para ficar sossegado e depois comece a planejar os próximos passos: pesquise cursinhos, preços, oportunidades de bolsas de estudo ou de estudar em outra cidade. "O que não dá é para pensar que é menos capaz. O que aconteceu foi que alguém estudou mais ou priorizou a coisa certa", afirma Eloá.
Outra chance
Concentre-se nos vestibulares de outras instituições, ainda dá tempo de se inscrever nas particulares (confira o quadro). Avalie a possibilidade de fazer um financiamento estudantil pelo Fies programa do governo federal que financia até 70% do custo da mensalidade. Veja mais detalhes no www.caixa.gov.br, há inclusive um simulador de financiamento. Além disso, amanhã iniciam as inscrições para o Programa Universidade para Todos (Prouni). Aqueles que têm renda familiar per capita de até três salários mínimos e cursaram o ensino médio completo em escola pública, ou em escola privada com bolsa integral, podem se inscrever até 26 de dezembro no www.mec.gov.br/prouni.
Reavaliação de métodos
Se não foi falta de dedicação a causa da reprovação, é preciso repensar os métodos de estudo para a próxima tentativa. "É bom procurar uma ajuda externa para descobrir o que está dando errado", propõe a psicóloga Eloá Andreassa. O diretor do pré-vestibular Expoente, Renaldo Franque, sugere reunir colegas em grupos de estudo. "Mesmo para quem prefere estudar sozinho, recomendo que estude na escola. O estudo se transforma em compromisso e não tem telefone, nem interrupção alguma para incomodar", diz ele.
Estado emocional
Eloá recomenda também que cada candidato pese o quanto o nervosismo interferiu no momento da prova. "Às vezes quem se dedicou fica mais nervoso e não passa, daí se sente injustiçado. A pessoa precisa aprender a trabalhar a pressão", avalia. A psicóloga sugere o lazer e atividades físicas como forma de contrabalançar a ansiedade com a prova.