Os números frios da estatística podem deixar de ser apenas algarismos quando transformam a realidade. Um resultado ruim fez os professores repensarem a forma de ensino, aproximou os pais da escola e ainda melhorou a estrutura da instituição. O choque inicial de ter a pior nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), dentre as 82 escolas municipais de Ponta Grossa em 2005, foi substituído pela alegria de passar a figurar entre as três melhores, apenas dois anos depois. Foi o que aconteceu na Escola Municipal Cyrillo Ricci, na periferia da cidade.
A diretora Lucimara França Santos conta que a nota 2,7 não foi aceita pelos professores em 2005. "Sabíamos que a escola tinha qualidade para ter uma nota maior", diz. Mas o impacto fez os professores refletirem sobre o que poderia ser feito para mudar aquele cenário frustrante. O envolvimento dos pais com a escola foi apontado como um dos fatores que poderiam motivar os alunos. Os resultados foram usados para estabelecer alguns projetos na prática pedagógica. "O trabalho foi mais individualizado, mais próximo do aluno, e reverteu a grande quantidade reprovações. Criamos prêmios que estimularam os estudantes", revela Lucimara.
Graças à nota ruim, a escola foi incluída em uma lista de instituições prioritárias para receber recursos do governo federal. Foram R$ 16 mil destinados para a aquisição de instrumentos para estimular a aprendizagem, como jogos. Na prova aplicada em 2007, a nota saltou para 5,9 acima da média da rede municipal de Ponta Grossa, que é de 5,1. Agora a expectativa com a prova bianual que será aplicada neste mês.
Efeito inverso
Já a comunidade da escola municipal Professora Otacília Hasselmann de Oliveira sofreu o efeito inverso no Ideb. Em 2005, com nota 5,8, foi a melhor da rede municipal de Ponta Grossa. Mas na avaliação seguinte, além de não conseguir se manter no topo, ainda tirou uma nota bem menor, 5,1. A diretora Guiomar Silva Bello destaca que a nota ainda é considerada boa, mas que esforços estão sendo feitos para voltar a crescer no índice. "Como a nota caiu um pouquinho, estamos nos preparando para retomar", conta.
Assim como em outras escolas, estão sendo organizados simulados com os alunos, para prepará-los para a Prova Brasil. Os professores receberam do Ministério da Educação alguns exercícios similares aos que serão cobrados na prova, além da lista de objetivos que serão avaliados. Com base no que pode ser pedido na prova, assim como acontece no vestibular, simulados serão feitos com os alunos. "Até para não dizer que o estudante nunca viu aquele conteúdo ou que não sabe como preencher o gabarito", revela a pedagoga Luciane de Paula Antoneche. (KB)