Notebooks e tablets estão cada vez mais presentes na sala de aula, mas a eficácia deles é questionável: se por um lado podem ser vistos como ferramenta de auxílio quando usados de forma específica pelos professores, por outro eles parecem trazem mais problemas do que benefícios durante as classes. Muitos professores nos Estados Unidos têm banido esses aparelhos em suas classes. E por boas razões.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa em Ensino e Aprendizagem da Universidade de Michigan analisou o uso de computadores em uma sala de aula em que o professor utilizou ferramentas específicas, como anotações em apresentações, gravação de áudio e envio de perguntas e respostas; em outras oito salas de aula, os grupos usaram computadores sem qualquer ferramenta específica de ensino.
No grupo que usou as ferramentas, 60% dos alunos afirmaram que o uso do notebook ajuda a mantê-los envolvidos na aula, e 53% acreditaram que ajudou a aprender mais. Nos outros grupos, a proporção foi 39% e 40%, respectivamente, enquanto 75% disseram passar mais tempo em atividades não relacionadas ao aprendizado, como email e redes sociais. Já o uso de notebook pelos colegas foi apontado como a maior distração para 46% dos alunos.
Mesmo quando usados para anotações relacionadas à aula, notebooks podem não ser a ferramenta mais indicada para melhorias de desempenho: de acordo com estudo publicado na revista de psicologia Psychological Science, anotações escritas à mão auxiliam na retenção de informação e reforçam a memória, já que é preciso entender o professor, processar a informação e então condensá-la a uma anotação. Por outro lado, quando os estudantes transcrevem as aulas diretamente em um documento de texto virtual, esse processo é reduzido.
Ineficaz no longo prazo
O desempenho dos alunos em longo prazo também é afetado pelo uso de laptops durante as aulas. De acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o uso constante piora o desempenho em provas e exames.
Já na Universidade Estadual de Winona, em Minnesota, nos Estados Unidos, alunos do curso de psicologia tiveram a opção de levar notebooks para as aulas, sem o uso de ferramentas específicas de ensino. Os dados coletados indicaram que 64% dos alunos usaram notebooks, na maior parte do tempo para anotações, emails e redes sociais. O maior ponto de distração indicado pelos estudantes foi o uso pelos colegas próximos a eles, seguido pelo próprio uso em si. Uma análise dos dados mostrou ainda que quanto mais os alunos usaram notebooks, menor foi o seu nível de atenção e compreensão das aulas.
Consequências
Com a distração trazida pelo uso de notebooks no ambiente da sala de aula, o processo de ensino e aprendizagem sofre as consequências; atividades que exigem concentração são realizadas de modo mais efetivo quando há dedicação total a elas, sem distrações.
“Pesquisas indicam que somente o fato de ter um celular em cima da mesa é uma distração suficiente para reduzir a empatia e a troca entre duas pessoas que estão conversando”, disse ao New York Times Kelly McGonigal, psicóloga, professora da Universidade de Stanford e autora do livro “Os desafios à força de vontade”. Essa distração é mais grave quando acontece na situação de ensino e aprendizagem.
“Educação exige uma interação constante em que o professor e os alunos estão completamente presentes para trocas”, afirmou Darren Rosenblum, professor de direito da Universidade Pace, ao jornal americano. “Na melhor das hipóteses, notebooks reduzem a educação ao bater de teclas anotando as aulas em telas brilhantes e, na pior das hipóteses, oferecem aos alunos uma rota de escape de todas as coisas difíceis, desafiadoras ou desconfortáveis do aprendizado.”
Talvez seja o caso de voltar ao velho caderno de papel.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas