O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, vai trocar todos os secretários do MEC, com exceção do titular da pasta de Alfabetização, Carlos Nadalim. Já é certa a volta de Silvio Cecchi para a subpasta de Regulação do Ensino Superior. Ligado ao MDB, ele ocupou o mesmo cargo na gestão Michel Temer.
Weintraub assumiu o MEC no lugar de Ricardo Vélez Rodríguez depois de uma disputa entre militares e seguidores do escritor e filósofo Olavo de Carvalho. A crise que valeu o cargo de Vélez aprofundou a paralisia no MEC.
Nadalim, o único dos seis secretários que permanecerá, é ex-aluno de Olavo. O novo ministro também é entusiasta do escritor.
Ensino Superior
A Seres (Secretaria de Regulação do Ensino Superior), que deve ser reassumida por Silvio Cecchi, é considerada uma das mais complexas do MEC por cuidar de toda burocracia de regulação do ensino superior particular. A posição sempre foi alvo de pressão de empresas do setor.
Cecchi é ligado ao MDB e tem trânsito com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Foi por indicação do MDB que ele chegou ao MEC em 2016 -antes de ocupar a Seres, em agosto de 2018, era um dos diretores da Secretaria de Educação Superior.
Biomédico, já atuou em grandes grupos educacionais. Foi diretor-geral da Faculdade COC, diretor de pós-graduação da Anhanguera, diretor de Logística da FMU-SP e ex-presidente da Associação Brasileira de Biomedicina.
Cecchi estava no MEC no fim da tarde de terça-feira (9), quando ocorreu a transmissão de cargo na pasta.
Quem sai
As movimentações no MEC envolvem a saída dos três ex-alunos de Vélez que compunham a pasta: Marcos Faria deixa a Seres, Bernardo Goytacazes, a secretaria de Modalidades Educacionais, e Alexandro Ferreira de Souza, a secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
Souza atuava ainda como substituto na pasta de Educação Básica, vazia desde a que Tania Leme de Almeida pediu demissão, em 25 de março.
Apesar de não ter experiência anterior na área, Faria havia sido escolhido por Vélez por gozar de toda confiança do ex-ministro. Ao assumir, Vélez foi informado sobre o assédio recebido na Seres e durante sua gestão insistiu sobre a importância de investigar gestões anteriores, no que foi chamado de Lava Jato da Educação.
O secretário de Ensino Superior, Mauro Rabelo, remanescente da gestão Temer aproveitado por Vélez, também deve ser exonerado.
Weintraub era chefe de gabinete da Casa Civil antes de ir para o MEC. Ele deve levar para a pasta seu ex-braço direito na Casa Civil, Antonio Paulo Vogel, conforme adiantou o Painel. Vogel entrará no lugar do brigadeiro Ricardo Machado, representa o esvaziamento da ala militar na pasta. A Folha apurou que Weintraub teria convidado o brigadeiro para atuar como assessor.
O adjunto da secretaria executiva, Rubens Barreto, também será demitido. Barreto chegou ao MEC com o ex-secretario executivo Luiz Antonio Tozi. Foi anunciado por Vélez para o lugar de Tozi, mas olavistas fizeram pressão e o ex-ministro não pôde nomeá-lo.
O novo ministro disse nesta terça que chega ao MEC para decretar a paz. Caso alguém não esteja de acordo, terá de sair.
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