O novo presidente do Inep, Marcus Vinícius Carvalho Rodrigues, disse nesta quinta-feira (24) que planeja um novo modelo para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), sem “questões ideológicas”, e que discutirá a possibilidade da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter acesso prévio à prova.
“Vamos analisar o banco de questões e fazer com que tenha postura não ideológica e que priorize o que realmente é necessário, que é respeitar nossas crianças e nossos adolescentes”, disse.
Rodrigues disse ainda que o pedido de Bolsonaro para ter acesso prévio à prova será analisado e que a demanda é “legítima”.
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“Eu, como presidente do Inep, posso ter acesso legal à prova. Isso será conversado e dentro dos aspectos legais será discutido”, afirmou.
A sinalização de um possível acesso à prova, no entanto, contraria posicionamento da ex-presidente do instituto, Maria Inês Fini, para quem a medida poderia ferir o sigilo do exame.
Questionado sobre o sigilo, Rodrigues rebateu a crítica e disse que a declaração de Bolsonaro representa uma “preocupação com o Brasil”.
“Temos um presidente que representa os anseios de uma mudança. E eu estou aqui dentro desse princípio”, disse. “Uma coisa é não ser de praxe [ter acesso à prova], outra coisa é o acesso legal.”
As declarações sobre o exame ocorreram logo após cerimônia de posse de Rodrigues no cargo.
Ex-professor adjunto da FGV, Rodrigues foi nomeado na terça-feira (22), após uma série de sinais de hesitação do novo governo em torno da escolha dos cargos do instituto, que é responsável pelo Enem e por avaliações da qualidade do ensino.
Ligado aos militares que atuam no governo Bolsonaro, Rodrigues fez uma série de cumprimentos ao grupo no evento e, em discurso, afirmou que o Brasil precisa de uma escola sem ideologia e que é preciso “resgatar valores”.
“Hoje precisamos de uma nova escola, com novos paradigmas, que resgate nossos valores, que tenha como diretrizes o respeito à família e à pátria, e que busque a eficaz formação de cidadões [sic] íntegros, éticos, com conhecimento e trabalhadores”, afirmou em discurso.
“Uma nova escola que tenha resistência a ideologias e crenças inadequadas e inconsequentes, algumas com origem em interpretações superficiais de pseudo-intelectuais ou de um oportunismo político-partidário que levou nosso país a uma situação insustentável.”
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Em discurso, Rodrigues disse ainda que sua gestão terá 32 metas prioritárias e que planeja “reconstruir a educação no país”.
A posição foi acompanhada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez.
Em discurso, o ministro retomou aspectos da história do Brasil e disse que o país tem vivido alguns momentos de poder centralizador, como o da ditadura militar, que foi “querido pela sociedade brasileira”.
“Os militares não caíram de Marte. Eles foram chamados pela sociedade brasileira para corrigirem como uma espécie de poder moderador os jugos enviesados pelos que tinham enveredado a República”, afirmou.
Para ele, o Inep tem papel essencial para “preservação da memória nacional” e para a “reconstrução da democracia”.
“Nossas más performances nas avaliações educacionais indica que não temos refletido suficiente nas avaliações que se apresentam ao Inep”, disse.
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