Formação
Professores devem se preparar para encarar a realidade dos alunos
Modernizar a sala de aula não é sinônimo de modernizar o ensino. A simples introdução da tecnologia não muda a metodologia, defende a professora Glaucia Brito, da UFPR. "A tecnologia não constrói nada, é uma ferramenta. Quem faz a diferença é professor e aluno", afirma.
Para preparar professores sobre como usar esses equipamentos, Glaucia coordena o Grupo de Estudos, Professor, Escola e Tecnologias (Gepete) na UFPR. O grupo reúne estudiosos e pesquisadores de diferentes instituições e níveis de ensino de Curitiba para discutirem as tecnologias, a formação dos professores e o seu uso na educação.
"Eles [os professores] cresceram em outros tempos, com tecnologias analógicas e não tiveram isso [tecnologia digital] na sua formação", diz Glaucia. O grupo é convidado para dar palestras, montar oficinas e formações continuadas em escolas para que os professores integrem os novos recursos nas aulas.
No Dom Bosco, por exemplo, os professores passam por treinamento a cada seis meses. De acordo com o coordenador de Tecnologias, Raphael Corrêa, 90 objetos educacionais usados em sala de aula foram desenvolvidos pelos próprios professores. "O projeto [Dom Digital] evoluiu, mas ainda não está 100%. Estamos criando uma rede de aprendizagem, aplicativos para aulas. O caminho está sendo trilhado", completa.
Serviço
Instituições de ensino que queiram capacitar seus professores podem agendar formações com o Gepete pelo e-mail glaucia@ufpr.br ou pelo telefone (41) 3313-2005.
Não restam dúvidas sobre a intensa presença da tecnologia no dia a dia dos jovens uma geração que já nasceu conectada com o mundo virtual e os impactos que esse novo perfil de aluno traz ao ambiente escolar. Esse contexto lança o desafio para escolas e professores sobre como usar os novos recursos tecnológicos a favor do ensino. Lutar contra a presença deles não é mais visto como uma opção.
"Estamos no século 21, não tem como dar aula como se dava há 10 anos", diz Glaucia Brito, professora do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em Tecnologia na Educação. Para ela, a escola está atrasada. Os jovens são outros e os professores precisam se transformar para seguir essa mudança.
O uso da tecnologia pode ser proveitoso no estudo interativo de conteúdos, tornando-os mais atraentes e fazendo com que o aluno adote uma postura mais participativa. No Colégio Dom Bosco, em Curitiba, tablets e netbooks são fornecidos aos alunos desde o 6.º ano do ensino fundamental. "A ideia é tentar falar a mesma linguagem [dos alunos]. Não adianta ser diferente em casa. Trabalhamos o uso responsável", explica o professor de Física e coordenador de Tecnologias, Raphael Corrêa.
A escola trabalha de duas maneiras: recorre a objetos educacionais digitais, como vídeos, animações, imagens e infográficos, para dar suporte às aulas, e estimula a pesquisa dos alunos na internet, com a orientação do professor sobre como encontrar a informação desejada de forma segura e a partir de fontes confiáveis. Entretanto, não são só benefícios que os dispositivos móveis trazem. O colégio controla o uso quando a aula não necessita dos aparelhos e bloqueia o acesso às redes sociais, os principais vilões quando o assunto é distração.
"Tem professor que reclama que os alunos não prestam atenção, ficam só no celular. Mas, na minha época, por exemplo, nos distraíamos com gibi. A questão é como está a aula do professor", avalia Glaucia, que defende ser possível dar uma aula de qualidade e atraente mesmo sem usar aparatos modernos.
Envolvimento
No Colégio Sion, a tecnologia é mais usada pelos professores, embora os alunos também usufruam em determinados momentos. Para a coordenadora do ensino médio, Cinthia Reneaux, é preciso fazer com que o estudante participe do processo, saiba contar o que aprendeu. "Para não ficar muito no virtual, fazemos muitos seminários, debates e pesquisas. Tentamos resgatar o diálogo, a conversa e discussão entre eles", explica Cinthia, citando o formato semicircular na disposição das carteiras nas salas para facilitar o método.