Podemos ler imagens ou isso diz respeito apenas aos textos? E na internet, a leitura é a mesma dos livros? Por outro lado, é possível, além de ensinar a ler, também ensinar a gostar de ler?
Tais perguntas desafiam diariamente famílias, professores e equipes pedagógicas de escolas, secretarias de educação. Para Margareth Caldas Fuchs, gerente de Bibliotecas e Faróis do Saber da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, é preciso criar um ambiente de estímulo à leitura, de maneira prazerosa. "Não é apenas a existência de uma biblioteca que irá garantir o gosto pela leitura. É preciso ter pessoas que influenciam positivamente o leitor", afirma Margareth.
E entre as pessoas que podem influenciar positivamente o leitor, estão professores, pais e agentes de leitura presentes nas bibliotecas.
De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró Livro e Ibope Inteligência e Plano Nacional de Livro e Leitura (PNLL), quem mais influencia o hábito da leitura são os pais e professores. "As crianças são muito receptivas as estímulos que os professores apresentam. Se o professor está também encantado pela leitura e pelo potencial de crescimento que ela nos desperta, com certeza impactará também os alunos", afirma Margareth.
Sandra Mara Castro dos Santos, da Coordenação de Alfabetização da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba pondera, porém, que não é apenas o encantamento que deve ser trabalhado. "Um texto deve ser estudado, analisado, compreendido em sua totalidade, bem como cada uma de suas partes. Para compreendê-lo, são necessárias algumas noções, alguns conhecimentos gramaticais e lexicais. Parte-se do texto para a análise da língua e é em função dele que se recorre à gramática, à semântica, às leituras anteriores.", argumenta.
A professora da Rede Municipal de Ensino de Campo Magro, Ana Maria Grizbowski, concorda com Sandra e complementa afirmando que o prazer pela leitura é conquistado pouco a pouco, por meio de constantes descobertas. "A leitura, não pode ser vista como uma obrigação. Ler tem de ser um momento no qual o estudante se descobre. Encontra-se naquilo que lê e isso passa pelo entendimento que ele tem da língua portuguesa", explica.
Segundo Ana, sob tal lógica, o jornal surge como um dos suportes de leitura mais diversificados que existem. "Nele encontramos desde poesia até literatura, em textos pequenos ou longos, informativos ou publicitários. Ele é muito rico porque tem textos que falam com todos os alunos", explica ela, que utiliza o jornal em suas aulas já há três anos, dentro do Projeto Ler e Pensar.
"No projeto Ler e Pensar recebi a formação que precisava para ter segurança e me ver como condutora de um processo de ensino da leitura e soube até mesmo como fazer atividades lúdicas como ler e contar histórias com o jornal", explica a professora.
De acordo com Margareth Fuchs, "formar professores encantados pela leitura e compreendendo seu papel como condutores do processo de aprendizagem é um dos principais desafios quando o assunto é estimular a leitura". Mas, para isto, Sandra Santos dá a dica: "para que o educador possa ensinar os estudantes a lerem e a compreenderem textos, ele deve atuar com três aspectos fundamentais e simultâneos: o comportamento leitor, as habilidades de leitura e os procedimentos de leitura", garante.