A reforma do ensino médio aprovada pela Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017 traz inúmeros desafios a serem implantados para que, de fato, tenhamos uma nova realidade na etapa final da educação básica.
Se pudéssemos tirar uma fotografia do atual ensino médio e fizéssemos uma comparação com uma outra registrada no final do século passado não perceberíamos praticamente nenhuma modificação. É uma triste realidade da etapa intermediária da educação e antecessora do ensino superior que deveria potencializar a carreira dos nossos jovens, porém amarga uma evasão anual de 11%, segundo dados disponíveis no portal do MEC.
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Se ampliarmos a análise temos que apenas 54% dos jovens que iniciam no ensino fundamental concluem o ensino médio, ou seja, a cada 10 jovens que iniciam no primeiro ano de formação, apenas 5 finalizam o ensino médio.
Entre os motivos que se têm conhecimento, os mais recorrentes estão: currículo desinteressante, excesso de disciplinas e falta da opção de formação profissional.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Movimento Todos Pela Educação, em maio de 2017, 76,5% dos estudantes aprovariam a substituição de um terço das matérias do ensino médio por disciplinas técnicas a sua escolha. O percentual é significativo e merece nossa reflexão.
A proposta aprovada na reforma vem então, de encontro com os anseios da comunidade estudantil e pode, se bem implementada, reverter o quadro de evasão e desinteresse pelo atual modelo do ensino médio.
O aumento da carga horária de 800 para 1400 horas é um avanço considerável. Nas principais escolas de ensino médio ou equivalentes pelo mundo, a permanência do aluno em tempo integral reduziu a evasão escolar e, com ele mais tempo na escola, abre caminho para explorarmos áreas como música, teatro, gestão emocional, empreendedorismo, voluntariado, projetos sociais, entre outros.
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Com os percursos formativos o novo ensino médio passa a utilizar a flexibilidade curricular já validada na educação superior. Proporcionar aprofundamento em cinco áreas (linguagens e códigos, sociedade, matemática, natureza ou educação profissional) abre um leque de opções que deve tornar muito mais interessante a transição do ensino médio para o ensino superior.
Assim a formação técnica proposta como um percurso formativo não somente possibilitará ao aluno a entrada no mercado de trabalho, como também aumentará a sua empregabilidade, pois no nível técnico, a formação profissional proporcionará contato com conhecimentos, experiências e o desenvolvimento de competências e habilidades que potencializará a futura carreira que o jovem irá escolher.
A intenção não é trazer uma formação profissional definitiva na qual o estudante se sinta refém da área escolhida. O principal objetivo do percurso formativo da educação profissional no novo ensino médio é ampliar a visão do aluno na aplicação dos conhecimentos nas mais diversas profissões que o mercado oferta.
Dentro desta linha, significa que se um aluno optar pela área de administração ele terá conhecimentos fortemente aplicados em outras áreas como as engenharias – administração de obras ou desenvolvimento de um novo produto; na área da saúde – administração de hospitais, clínicas ou da própria carreira médica; tecnológica – administração de empresas virtuais e até mesmo na área de educação – gestão escolar e negócios educacionais, ou seja, a administração permeia todas as áreas do conhecimento e através dela identificamos o sucesso de um empreendimento.
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Se a área escolhida for de informática, o estudante terá contato com tecnologias que poderão ser aplicadas na área jurídica, médica ou em qualquer empresa de qualquer segmento do mercado de trabalho. Além das ferramentas de tecnologia da informação o aluno terá contato com startups, novo formato de empreendimentos que buscam soluções rápidas utilizando métodos ágeis para os mais diversos problemas. Ou seja, os currículos serão muito mais próximos das demandas do mercado de trabalho.
A inserção do ensino técnico como percurso formativo na reforma do Ensino Médio tirou o sistema educacional da inércia de um formato ultrapassado e industrializado e apenas focado na aprovação de vestibulares.
Agora é hora de arregaçar as mangas e transformar todas as boas ideias, semeadas com a reforma, em ações práticas e consistentes. Temos a oportunidade de implementarmos um modelo atualizado que permitirá a melhor transição entre a educação fundamental para a superior proporcionando aos jovens conhecimentos que lhes sejam úteis, sem afastá-los dos bancos escolares, e ao mercado de trabalho a absorção de mão-de-obra qualificada.
*Élcio Miguel Prus, Coordenador Educacional do Ensino Médio Técnico Integrado do TECPUC.
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