4,6% do PIB é quanto o Brasil investe anualmente em educação. Em 2001 a porcentagem era de 4,8%. A maior parte do investimento (3,7%) vai para a educação básica, que no Brasil compreende o ensino fundamental e médio.
U$ 870 é quanto o Brasil investe anualmente por aluno na educação primária (aqui ensino fundamental). Nos Estados Unidos, são aplicados U$ 8.305 na educação primária. Os dados são da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD).
Nem é preciso muito esforço para lembrar de histórias do tempo de escola. São no mínimo 11 anos só na educação básica, sem contar o ensino infantil e o superior. E, em meio às memórias de brincadeiras, colegas e disciplinas favoritas, quem não tem recordação de algum professor? "Todos nós temos marcas profundas de docentes que passaram em nossas vidas. É uma figura muito presente", afirma Cláudia Chueire de Oliveira, professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
E não são só nas lembranças afetivas que os professores marcam presença. O modo como o conhecimento é apreendido na vida adulta foi moldado pelos professores ao longo da infância e da adolescência. "O modelo que utilizamos em diferentes áreas do conhecimento para aprender é o mesmo que nosso professor nos passou. Quando ele gosta da área com a qual trabalha, seduz o aluno para que goste também", diz a professora Maria Sílvia Bacila Winkeler, diretora do Curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Se individualmente é fácil notar a participação do professor na educação, em um contexto mais amplo, o papel do educador na sociedade está diretamente relacionado com a função da escola. É na instituição que acontece a transmissão do conhecimento formal por meio das disciplinas. O profissional da educação é quem faz a mediação desse processo, facilitando o acesso às informações. "Ele é o responsável por inserir a criança no convívio coletivo e também favorecer o desenvolvimento até a vida adulta", explica Alessandra Furtado Rossetto, coordenadora pedagógica do Colégio Novo Ateneu.
Uma educação de qualidade, ou não, sempre passa pelo trabalho dos educadores. "Cada um deles tem sua parcela de responsabilidade quando se trata da qualidade da educação como um todo. Claro que esse professor também é um reflexo do sistema escolar no qual está inserido", completa Maria Sílvia.
Novas responsabilidades
Para Carmen Franco Cruz, professora da rede municipal de ensino de Curitiba há 30 anos, essa história de "no meu tempo era melhor" não é verdade. "As coisas melhoraram muito. Hoje existem recursos que ajudam na prática pedagógica. Ficou mais fácil ensinar e aprender", conta. Quando Carmen fez sua escolha profissional, a decisão pelo magistério era um caminho natural para mulheres que não queriam apenas casar e ter filhos.
A antiga Escola Normal, que dava a formação de professor juntamente com o ensino médio, foi a opção de Carmen e de muitas outras meninas. Ao terminar o magistério, ela resolveu cursar Letras para dar aulas de Português, mas já nos primeiros anos de faculdade se apaixonou pela educação infantil. "Desde então só trabalho com alfabetização de crianças. Passamos bastante tempo com os alunos e conseguimos criar laços afetivos. É um trabalho muito gratificante", orgulha-se.
Em 30 anos, a forma como os professores lidam com os conteúdos mudou. Se antes havia uma idéia de que o conhecimento estava pronto e que as verdades eram únicas, agora existem muitas fontes de informação. "O que se espera de um professor hoje é que ele ensine o aluno a buscar e selecionar informações necessárias para sua sobrevivência, inserção no mercado de trabalho e sucesso como pessoa e na sua vida", diz Maria Sílvia.
Mas, além das mudanças na forma de trabalhar, novas funções foram e estão sendo incorporadas no currículo do docente. A saída da mulher para o mercado de trabalho e a reestruturação da família fizeram com que as crianças passassem cada vez menos tempo com os pais e mais tempo dentro da escola. Problemas simples e complexos que antes eram resolvidos da porta de casa para dentro estão sendo incorporados, às vezes com um pouco de resistência, pelos docentes.
Até onde vai o papel do professor? Essa é uma discussão em andamento entre os pensadores e gestores da educação. "O centro do papel do professor é trabalhar com o conhecimento. Mas não tem como ensinar as disciplinas se ele não der conta de determinados hábitos formativos que eram papel da família", explica Andréa do Rocio Caldas, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A secretária da Educação do Paraná, Yvelise de Souza Arco-Verde, diz acreditar que essa "terceirização" da família para a escola já aconteceu. "Uma maior articulação entre a escola e a família está sendo ensaiada. Por enquanto, a escola está resolvendo como pode", diz.
Para a pesquisadora Andréa, é uma época de repensar não só a função do professor, mas da própria instituição. Além de educar os alunos e dar conta de hábitos de disciplina, é preciso uma ação mais ampla e mais conjunta com outras áreas. "A escola poderia, por exemplo, educar os pais, oferecer espaços de contraturno e acompanhamento da lição de casa". Por outro lado, o papel de transmitir informações passa a ser compartilhado pela internet e pelas mídias. "A cidade como um todo pode educar", completa.
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