Há dois extremos perigosos nas férias dos estudantes. O primeiro é não fazer nada e terminar o período de folga com a sensação de ter perdido um tempo precioso. O outro é assumir tantas atividades nos dias de folga que o cérebro e o físico não descansam, o que leva a um baixo rendimento durante o ano. Para fugir dessas armadilhas, o melhor caminho é fazer um planejamento simples para descansar e, ao mesmo tempo, aproveitar o tempo.
Esse planejamento depende, em primeiro lugar, de saber aonde se quer chegar profissionalmente e também na vida pessoal. E também de como foi o desempenho durante o ano e quais serão os planos para os próximos doze meses, por exemplo. “Como durante o ano existe uma pressão psicológica razoável, um desgaste físico e emocional, é preciso parar e descansar. Agora, tem situações em que é possível ainda aproveitar esse tempo para fazer um curso de idioma ou aprender algo que possa trazer um ganho positivo para a carreira e para os estudos sem prejudicar o descanso”, diz Daniella Forster, coordenadora do projeto PUC Talentos. “No Brasil, não temos muito costume de planejar, mas esse costume ajudaria a equilibrar todas essas dimensões”.
Planejar, explica a especialista, não é ‘quadricular’ ou tirar a espontaneidade. Significa incluir nos dias de folga atividades que ajudem a colocar a saúde em dia, a reforçar as relações sociais e estabelecer novas amizades e a alimentar a inteligência com novas ideias ou informações para as quais não há tempo durante o ano.
Sono e cuidado do corpo
Uma preocupação importante nas férias é recuperar os danos causados pelas noites mal dormidas. Como é no sono que o cérebro grava o conhecimento produzido durante o dia, as memórias de longo prazo, e repõe as energias, voltar a uma rotina de um sono reparador é essencial. Nesse sentido, o celular pode ser um grande inimigo.
“A internet, que é algo bom e saudável, pode se tornar um problema se a pessoa se excede à noite. Principalmente a tonalidade azulada da tela do celular faz com que o cérebro não receba a mensagem de que está na hora de dormir e, quando a pessoa percebe, já é de madrugada, 3 ou 4 horas da manhã. Isso é altamente nocivo para a saúde física e mental”, alerta o psicólogo Ivo Carraro, orientador educacional do Curso Positivo.
Outra dica, além de fazer esportes, é realizar trabalhos manuais prazerosos, como a pintura, aprender um instrumento, construir ferramentas ou maquetes, cozinhar, modelar. “Tudo é altamente saudável”, afirma o professor Ivo.
Amigos e lazer
As relações com a família e amigos são imprescindíveis para a maturidade e o equilíbrio afetivo, e os dias menos atarefados são um prato cheio para promover e comparecer em encontros. Quem não compartilha momentos com os outros perde a chance de abrir horizontes de conhecimento não só sobre o mundo, mas também sobre si mesmo, já que entender a si mesmo passa por analisar as próprias reações na vida em sociedade. Ainda que seja importante defender tempos de silêncio e solidão para refletir e analisar o mundo, para sonhar e ser criativo, fechar-se completamente dificulta dar vazão a esses sonhos e iniciativas.
Por isso, é bom estar um tempo com paz em casa ou com os amigos. “Olhando a história do mundo, a ciência evoluiu nas fases em que o homem podia ficar em calma, sozinho ou acompanhado, pensando em seus projetos . Como falam vários filósofos, o lazer é criativo”, lembra Ivo Carraro.
Saber pedir orientação
Mesmo com tantos estímulos ao descanso saudável, a consultora Daniella Forster já viu muitas pessoas “quebrarem” por não quererem parar de trabalhar ou de realizar atividades repetitivas que possam levar ao estresse. “Há aqueles que tomam atitudes porque ‘todo mundo está fazendo’. Elas fazem muitas coisas, e até conseguem manter um ritmo frenético durante um período, mas não ao longo do tempo e isso acaba refletindo na saúde”, adverte. “A melhor forma é conversar sobre isso com outras pessoas, amigos ou até um profissional, para não perder o controle sobre a própria vida”.