A maioria das pessoas conhece a Segunda Guerra Mundial apenas pelo ponto de vista dos norte-americanos, graças especialmente ao cinema e à televisão. Mas 25 mil brasileiros também ajudaram a derrotar o nazi-fascismo, combatendo para libertar a Itália a partir de 1944. A história desses heróis esquecidos costuma ser preservada em pequenos museus dentro de unidades militares, mas Curitiba tem um dos raros locais que reúnem um grande acervo da participação brasileira na guerra: o Museu do Expedicionário localizado no bairro Alto da XV, que só rivaliza em tamanho com museus da Força Expedicionária Brasileira (FEB) no Rio de Janeiro. "Esta é a casa da democracia e da liberdade", resume o major Benur Augusto Muniz, presidente da Legião Paranaense do Expedicionário (LPE).
A visita começa justamente pelos acontecimentos que levaram o país a declarar guerra à Alemanha e à Itália: os torpedeamentos de navios mercantes brasileiros, tanto em nossa costa quanto no exterior. Na época alguns brincalhões duvidavam da competência do exército nacional, dizendo que era mais fácil uma cobra fumar que o Brasil ir à guerra. Quando os primeiros combatentes embarcaram, levavam no ombro o emblema de uma cobra fumando. Uniformes, aliás, estão presentes por todo o museu. São 24 ao todo, e não apenas brasileiros: a amizade entre a LPE e associações de ex-combatentes estrangeiros rendeu a doação de uniformes ingleses, poloneses e noruegueses, entre os de outros exércitos.
O acervo de armas do museu também chama a atenção. Há fuzis, lançadores de morteiro, pistolas e a temida "Lurdinha", um tipo de metralhadora alemã que fez muitas vítimas entre os brasileiros. No entanto, não há informações específicas sobre os donos das armas, nem as circunstâncias em que foram usadas. Na época em que o museu foi montado, por volta de 1980, o acervo foi coletado entre os ex-combatentes sem uma preocupação em catalogar minuciosamente os itens.
Escolas
Grupos de estudantes respondem pela maior parte dos 17 mil visitantes que o Museu do Expedicionário recebe por mês. As escolas que levam seus alunos recebem uma visita guiada, em que os monitores explicam a participação brasileira na guerra e os principais episódios vividos pela FEB na Itália.
Salas especiais lembram papel de outras tropas
O grosso do contingente brasileiro na Itália participou do combate em terra, na infantaria ou na artilharia, mas outros expedicionários tiveram papel importante no esforço de guerra brasileiro e mereceram espaços próprios no Museu do Expedicionário. O serviço de saúde da FEB tem uma sala em que estão expostas macas, cadeiras de dentista e objetos usados pelos médicos e enfermeiras.
A participação dos aviadores brasileiros chama a atenção antes mesmo de entrar no museu, graças ao P-47 Thunderbolt exposto na praça. Mas o 1º Grupo de Aviação de Caça também tem um lugar dentro do museu, com objetos dos aviadores, uma coleção de plastimodelismo que permite conhecer muitos dos aviões que voaram na guerra e o uniforme do piloto inglês Frederick Tate, nascido em Curitiba. O maior herói brasileiro da guerra, o sargento Max Wolf Filho, também tem uma área dedicada a ele no museu, com fotografias e fac-símiles de cartas escritas por ele para a família.
Serviço
Museu do Expedicionário Praça do Expedicionário, s/nº, Alto da XV. Telefone: (41) 3362-8231. De terça a sexta, das 10 às 12 horas e das 13 às 17 horas; sábados e domingos, das 13 às 17 horas. Entrada Gratuita.