Universitários geralmente são expulsos por beber ilegalmente, reprovar em matérias, ou por participar de festas de fraternidade que saem do controle. Mas agora usar o pronome errado também pode resultar em expulsão.
Uma política de “identidade de gênero” proposta pela Universidade de Minnesota pode obrigar estudantes (e a faculdade) a usar os pronomes escolhidos por seus colegas que não tem um gênero definido.
Alunos e funcionários podem ser expulsos ou demitidos por se recusarem a usar pronomes como “ze” e “they” (“elx”, em tradução livre. No inglês, o uso do pronome coletivo não especifica gênero, diferentemente do português, em que “todos” está no masculino).
Pode parecer absurdo, mas ameaças à liberdade de expressão não são novidade nos campi controlados pela esquerda progressiva. De acordo com a Foundation for Individual Rights in Education (Fundação para os Direitos Individuais na Educação, em tradução livre), uma vigilante dos direitos civis no ensino superior, 32% das universidades americanas defendem políticas que clara e severamente limitam o discurso, enquanto cerca de 60% delas possuem regras que podem prejudicar a liberdade de expressão.
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Nossos vizinhos canadenses possuem campi marcados por leis que impedem o uso de pronomes “incorretos” ao se referir a pessoas transgênero, e a Universidade de Minnesota mostra que é esse o caminho que estamos trilhando. Esse futuro deveria te assustar.
Regras nos usos de pronomes certamente prejudicam discussões sobre gênero e colocam em perigo a liberdade acadêmica. Como os estudantes vão aprender se eles são barrados de questionar diretrizes? Nas universidades de hoje, é normal aceitar que existem infinitos gêneros e que as pessoas podem mudá-los independentemente do seu sexo biológico.
Mas nem todos estudantes concordam com isso, e os conservadores geralmente possuem opiniões completamente divergentes quanto às questões de gênero e sexo. Obrigá-los a usar pronomes associados a ideias as quais eles se opõe não é apenas opressão: é uma inconstitucionalidade gritante.
Lembre-se, a Universidade de Minnesota é pública, o que significa que ela deve respeitar as regras da Primeira Emenda da Constituição sobre o direito de liberdade de expressão dos estudantes: liberdade de expressão não apenas nos protege da censura, mas também nos protege da obrigação de adotar determinados discursos.
Em um processo em New Hampshire, a Suprema Corte determinou que os locais não poderiam ser forçados a estampar o slogan político “live free or die” (“viva livre ou morra”, em tradução livre) nas placas de seus carros. Desde então esse princípio constitucional tem sido reforçado inúmeras vezes. Após décadas de precedentes similares, é improvável que regras sobre pronomes passem pelo crivo da Constituição.
Samantha Harris, vice-presidente de pesquisa política da FIRE, disse que “certamente seria inconstitucional uma universidade pública requerer de seus estudantes e membros o uso de pronomes de gênero-neutro sob possível punição”, embora ela acredite que, como a política da Universidade sobre o assunto é vaga, talvez não seja assim que a regra seja implementada.
Mas está claro que, caso os alunos sejam forçados a utilizar uma linguagem que discordem, a administração estaria rasgando a constituição para provar sua boa-fé progressista – e os estudantes não devem aceitar isso.
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Pela minha experiência como ativista conservador na universidade, está claro que a maior parte dos alunos à direita-do-centro não querem incomodar pessoas transgênero – muitos estão até mesmo dispostos a usar pronomes alternativos –, mas o que os incomoda é a noção de que devemos ser obrigados a fazê-lo.
Conversei com Michael Geiger, um estudante conservador da instituição, e sua frustração com a proposta era clara:
“O fato de a proposta estar sendo seriamente considerada mostra que a administração não tem noção do que liberdade de expressão significa e porque ela é tão importante”.
Se os universitários de esquerda querem promover a inclusão de alunos transgênero, a força não é a forma correta. Na verdade, isso pode acabar gerando ainda mais hostilidade – não são só de estudantes que são afetados por essas políticas, afinal a regra seria aplicada também aos professores.
Por mais que geralmente sejam de esquerda, educadores deveriam perceber que eles não conseguem fazer seu trabalho se discussões sobre questões cruciais, como gênero e identidade, são suprimidas pelos radicais do campus.
O professor da Universidade de Toronto, Jordan Peterson, se tornou uma febre conservadora por desafiar as opressivas regras quanto ao uso de pronomes no Canadá. Ele tem criticado gestões anteriores, dizendo que “para conseguir pensar, você tem que arriscar ser ofensivo”.
Ele está certo. Seja tentando banir o “discurso de ódio” ou forçando alunos a usar certas palavras, os administradores estão lidando com a questão de maneira incorreta. A inclusão não pode ser forçada, mas aderir à Constituição não é opcional.
©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
Tradução: Rafael Baltazar.
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