A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirmou à Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (6), que o Brasil gasta US$ 14,261 mil ao ano por cada aluno na universidade.
Desde que o Ministério da Educação (MEC) anunciou que bloquearia 30% das verbas destinadas às universidades federais do país, voltou à tona a discussão sobre o quanto o Brasil gasta com o ensino superior.
No sábado (4), o portal Uol havia publicado que as despesas por estudante, de acordo com informações da OCDE, seriam de US$ 3,7 mil - dessa forma, o Brasil estaria em último lugar no ranking. A instituição, mais tarde, porém, afirmou que o dado estava errado.
"Confirmamos que os dados dos gastos do Brasil com o ensino superior retirados da seguinte página da OCDE https://data.oecd.org/eduresource/education-spending.htm#indicator-chart estavam incorretos", diz a instituição por meio de nota oficial enviada por e-mail. "O valor correto é de US$ 14, 261 mil e não US$ 3, 271 mil".
De acordo com os dados da OCDE, de 2015, com atualização de 2018, o Brasil está na 16ª posição de um total de 39 países, e gasta mais por aluno na universidade do que Estônia, Espanha, Portugal, Itália, México e Irlanda.
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Em primeiro lugar, por exemplo, está o país europeu Luxemburgo, que têm US$ 48,907 mil de despesa por aluno no ensino superior. Depois dele, Estados Unidos ocupam a segunda posição, com US$ 30,003 mil de gastos.
Justificativa
Após a repercussão negativa sobre o contingenciamento, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se manifestou, no Twitter, em defesa da medida.
Em vídeo, o ministro afirmou que um aluno de graduação custa R$ 30 mil ao ano, enquanto uma criança em uma creche custa ao governo R$ 3 mil. De acordo com os dados da OCDE, porém, atualmente, o valor gasto pelo Brasil chega a R$ 50 mil.
Diversas universidades já se manifestaram em repúdio aos cortes e afirmaram que o contingenciamento é uma "ameaça" à sobrevivência das instituições.
O Colégio Pedro II, no Rio, por exemplo, disse que a escola sofre risco de "implicações devastadoras" com o corte. A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) afirmou que o contingenciamento coloca em risco serviços básicos na instituição, como o fornecimento de energia.
O IFBA (Instituto Federal da Bahia) teme que seja preciso fechar turmas até o fim do ano. No Paraná, a UFPR (Universidade Federal do Paraná) disse "não há ajuste possível dentro das contas da universidade que torne viável que nós cheguemos até o final do ano com 30% a menos”.
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), agora, passa a funcionar com R$ 114 milhões a menos no orçamento. A instituição também teme não conseguir pagar despesas básicas.
No Sábado (4), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que não houve corte, mas, sim, contingenciamento. "Não é corte, é contingenciamento. A arrecadação está baixa, todos os ministérios sofreram esse contingenciamento. Nós esperamos que, no segundo semestre, com a aprovação da nova Previdência, a arrecadação melhore e, em consequência, esse recurso vai retornar”, disse.