O relatório Education at a Glance 2021, divulgado nesta quinta (16) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que no Brasil o aspecto socioeconômico ainda tem um forte impacto na educação. Segundo o estudo, estudantes brasileiros com boa condição socioeconômica têm quase duas vezes mais chance de terem pontuação melhor no Pisa do que estudantes pobres. Apesar de registrar iniciativas positivas, como programas do governo federal para alfabetização, a pandemia e a desigualdade social continuam a prejudicar o desempenho dos alunos brasileiros.
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De acordo com o relatório, o Brasil apresenta a maior lacuna de desempenho no Pisa entre estudantes pobres e ricos. O número de crianças brasileiras pobres que consegue pelo menos o nível 2 no Pisa em leitura é 55% mais baixo do que o das crianças mais ricas. O relatório aponta, por outro lado, iniciativas que têm sido feitas para contornar essa disparidade e melhorar os resultados na alfabetização, segundo a análise da OCDE. A organização cita como exemplo disso o programa Tempo de Aprender, do Ministério da Educação, implementado para aumentar a qualidade do ensino e aprendizagem da alfabetização por meio do desenvolvimento profissional e apoio pedagógico.
Em relação ao acesso à educação, o relatório enfatiza como positivo o aumento o acesso ao ensino infantil, considerado crucial, uma vez que pode influenciar diretamente no desenvolvimento da criança e seus resultados futuros. A OCDE destaca que nesse quesito o Brasil conseguiu aumentar em 4 pontos porcentuais o índice de matrículas de crianças menores de 3 anos e em 7 pontos as matrículas de crianças entre 3 a 5 anos. Isso fez com que o país alcançasse em 2019 níveis de matrícula nessas faixas etárias iguais ao da média dos demais países da OCDE.
Pandemia
Em relação aos impactos da pandemia de Covid-19 na educação, o relatório destaca a preocupação dos países com o fechamento das escolas. De acordo com o documento, desde 2020, pelo menos 37 países-membros e parceiro da OCDE tiveram que fechar totalmente as escolas por algum período. Para ajudar os alunos a terem acesso à educação, foram adotadas medidas e investimentos extras. No Brasil, a organização cita o Programa de Recondicionamento de Equipamentos Eletrônicos do estado de Goiás, que doou computadores e dispositivos recondicionados a escolas e organizações para alunos sem conexão com a internet.
A pandemia também afetou o volume de recursos destinados à educação. Antes da pandemia, o gasto público total com educação no Brasil atingiu 4% do produto interno bruto (PIB) em 2018, superior à média da OCDE de 3,2%. Cerca de dois terços dos países da OCDE e parceiros relataram aumentos no financiamento alocado para escolas primárias e secundárias para ajudá-los a lidar com a crise em 2020. Já o Brasil não relatou nenhuma mudança no orçamento de educação para o ensino fundamental e médio em 2020 e 2021.
Mulheres
No estudo, com mais de 400 páginas, a OCDE traça um panorama sobre a estrutura e desempenho na educação dos 37 países membros da organização e parceiros, como o Brasil. Na edição deste ano, a publicação foca na equidade, trabalhando dados sobre educação, aprendizagem e resultados no mercado de trabalho e como esses itens são afetados por fatores como gênero e status econômico.
No estudo, as mulheres aparecem como sendo a maioria a obter um diploma no ensino médio (54%) e profissionalizante (56% do total). Em relação ao ensino superior, elas também têm maior probabilidade de obter um diploma de graduação do os homens. A pesquisa mostrou que em 2018, 27% das mulheres de 25 a 34 anos tinham um diploma de graduação, contra 20% dos homens na mesma faixa etária. Entre os países da OCDE, a proporção é de 52% entre as mulheres e 39% entre os homens.
Mas, mesmo tendo maior chance de concluírem o ensino superior, as mulheres têm menos probabilidade de obterem um emprego. Em média, nos países da OCDE, 80% das mulheres com ensino superior estavam empregadas em 2018, em comparação com 87% dos homens. Já no no Brasil, as taxas de emprego vão de 77% para as mulheres jovens com ensino superior a 85% para os homens. Com menos escolaridade, a disparidade é ainda maior. Apenas 35% das mulheres com ensino médio estavam empregadas em 2018, contra 69% dos homens.
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